Está sendo desenvolvida também em Campo Largo uma pesquisa médica científica que irá avaliar qual o papel da violência doméstica em casos de fibromialgia.
Está sendo desenvolvida também em Campo Largo uma pesquisa médica científica que irá avaliar qual o papel da violência doméstica em casos de fibromialgia. A responsável pelo estudo é a Dra. Patricia Martin, médica reumatologista e doutora em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, que atua como professora adjunta da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, onde o projeto está sendo feito junto a alunos do curso.
“Ao longo do tempo em que tenho atuado como médica, observei empiricamente o papel da violência doméstica no processo saúde doença, especialmente na dor crônica. Por isso, fiz um levantamento científico e observei que 100% da amostra de pacientes com fibromialgia sofrem ou já sofreram alguma forma de violência doméstica”, relata à Folha.
A médica explica que a pesquisa está sendo feita com pacientes mulheres e 85 depoimentos já foram coletados, 31 tabulados. “Temos acompanhado esses resultados preliminares e já constatamos que as mulheres têm idade média de 51 anos e sofrem algum tipo de violência desde a infância – podendo ser psicológica, sexual, física ou negligência. Destes dados já tabulados, verificamos que 58% sofreram ou sofrem violência psicológica, 53% física e 29,3% sexual”, diz a médica.
A fibromialgia é uma doença que atinge em sua grande maioria mulheres, em idade produtiva, dos 20 aos 50 anos, e têm impacto diretamente na qualidade de vida do paciente. “É uma doença caracterizada principalmente pela dor crônica, acima de três meses. O paciente tem dores no corpo todo e muitas vezes sofre de dificuldade de concentração, trabalhar. Nós sempre recomendamos que o paciente tenha uma vida equilibrada, como alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos e noite de sono adequada para diminuir os impactos desta condição”, explica.
Dra. Patricia ressalta ainda que essa é uma doença a qual o paciente sofre com o descrédito da família e pessoas próximas. “Não é uma doença que irá aparecer em exames, mas que causa dores muito fortes e incômodas. Além disso, é um paciente caro para o Sistema Único de Saúde (SUS), pois exige uma rotina mais intensa de acompanhamento médico e exames. É caro para o paciente também, que gasta um valor alto em medicamentos”, comenta.
Pesquisa aberta
A médica explica que para conseguir avaliar é necessário a participação de pacientes saudáveis. “Pacientes com fibromialgia podem apresentar ansiedade também, que envolve além do processo natural da dor – que é intensa – fatores externos, como o caso da violência doméstica. Esse levantamento é essencial para validar os resultados e para conseguirmos analisar a prevalência da violência doméstica na população geral”, reforça.
“Por meio dos atendimentos já vejo que existem pacientes que estão buscando ajuda para sair da situação de violência em que vivem, mas há outras que ainda temem contar para alguém. Nosso objetivo maior é adicionar conhecimento aos médicos e à sociedade de maneira geral, para que possamos combater a violência contra a mulher”, diz.
A pesquisa está aberta e pode ser acessada por meio do link https://forms.gle/rhZ3KzxQgV7hGnSZ8 ou https://forms.gle/AqvRKfTNJEcCecUbA - para quem tem dificuldade de leitura e deseja participar da pesquisa.