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Saúde

Estudo revela que trabalhar mais de 55 horas na semana eleva riscos de infarto e AVC

Médico cardiologista alerta para medidas simples que podem fazer toda a diferença para uma boa saúde

Estudo revela que trabalhar mais de 55 horas na semana eleva riscos de infarto e AVC

De acordo com estudo feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizado ainda em 2016, aproximadamente 745 mil pessoas ao redor do mundo morreram em decorrência de acidente vascular cerebral (AVC) ou doenças cardíacas em consequência das longas horas de trabalho. O estudo concluiu ainda que trabalhar “55 ou mais horas por semana aumenta em 35% o risco de morte por AVC e em 17% por doença cardíaca, em comparação com uma semana de trabalho de 35 a 40 horas”, conforme informou a Agência Brasil.

O médico cardiologista Dr. Sérgio Souza Alves Junior (CRM 19.480) explica que essa situação atinge, de acordo com o estudo publicado na revista científica Environmental International, pessoas saudáveis e com histórico cardiovascular prévio sem distinção. “Ela está relacionada profundamente às horas de trabalho. O cotidiano atual, que soma excesso de tarefas, família, casa e estudo podem propiciar a geração de estresse intenso não controlado e a intensificação da pressão arterial, favorecendo o surgimento de infarto e AVC.  Embora tal situação seja minoritária, ela representa 15% dos casos de AVC e infarto.”

O médico segue dizendo que atualmente as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, em dados atualizados de janeiro deste ano, o qual representa 27,5% de todas as mortes em homens e mulheres. “As doenças cardiovasculares mais comuns nos brasileiros são a hipertensão arterial sistêmica, que é a pressão alta, as síndromes coronarianas, que são o infarto do miocárdio e pré-infarto ou angina, a insuficiência cardíaca, chamado de coração fraco, a arritmia cardíaca, que são os batimentos cardíacos descompassados e a morte súbita. Já o acidente vascular cerebral, que é o AVC ou derrame, pode ser com sangramento (hemorrágico) ou sem sangramento (isquêmico), também compõe a lista”, completa.

Dr. Sérgio diz ainda que ao traçar um paralelo entre as doenças cardiovasculares e o sexo dos pacientes, é possível verificar que as mulheres são mais propensas à hipertensão arterial do que os homens. São fatores que contribuem para a hipertensão o sedentarismo, tabagismo, obesidade, ingestão de sal, fatores genéticos, uso de anticoncepcional e reposição hormonal em mulheres. O AVC também atinge mais as mulheres, totalizando seis em cada dez óbitos. Fatores de risco comuns em ambos os sexos são excesso de peso, pressão alta, colesterol alto, álcool em excesso, tabagismo, diabetes; nas mulheres se somam os fatores como gestação, anticoncepcional e terapia de reposição hormonal.

“O infarto, ou ataque cardíaco, de um modo geral é mais frequente em homens a partir dos 55 anos e nas mulheres após os 65 anos. Porém a probabilidade de uma mulher morrer de infarto é maior quando comparado ao homem e isso se deve ao fato de as mulheres terem o calibre das artérias menor”, alerta o médico.

O especialista alerta que o AVC e o infarto podem ter origens genéticas. Assim, quando alguém da família teve algum destes eventos, é necessário proceder a investigação de doenças de pequenos vasos, diabetes e fatores que aumentam a coagulação do sangue, que deixam o sangue grosso e pesquisar arritmias ocultas.

Prevenção e consultas
Dr. Sérgio explica que os cuidados para evitar AVC e infarto incluem não fumar, realizar exercícios físicos regularmente, pelo menos 30 minutos ao dia no mínimo quatro vezes na semana, manter o peso ideal à altura, não ingerir álcool em excesso, controlar pressão alta, o colesterol, triglicérides, glicemia, dormir adequadamente, em torno de 8h de sono por dia, controlar estresse e ansiedade e ter uma alimentação saudável.

Consultar o cardiologista de forma regular é uma opção na tentativa de evitar problemas cardiovasculares. A recomendação do médico é no mínimo duas vezes ao ano em pessoas que já apresentam doenças cardiovasculares e que estão controladas. Situações especiais para a procura de um cardiologista incluem histórico de morte súbita na família, alterações do eletrocardiograma em exames admissionais, familiares que apresentaram AVC, hipertensão ou infarto prévio.

“Para aqueles que não apresentam doença prévia, recomendamos uma primeira ida ao cardiologista na faixa etária dos 20 aos 25 anos. Porém cada caso é um caso. Estamos diante de situações inusitadas; há muitas pessoas que mesmo com pouca idade têm uma alimentação completamente desregrada, com peso excessivo e que necessitam acompanhamento precoce. Há também muitos atletas amadores que negligenciam a questão de avaliação cardiovascular; não podemos nos esquecer dos atletas de final de semana que antes de se lançarem em atividades físicas, merecem uma rigorosa avaliação cardiológica”, alerta.

Pânico ou infarto
Com a pandemia, o número de pessoas com crises de ansiedade e ataques de pânico subiu consideravelmente, e essas situações podem ser confundidas com infarto. “Diferenciar um ataque de pânico ou crise de ansiedade de infarto não é tarefa nada fácil. Eles têm muitas similaridades. Geralmente a pessoa apresenta suor intenso, batedeira e dores no peito, náusea, tremores, falta de ar, tontura; muitas vezes a pessoa com crise de ansiedade fica em observação em pronto atendimento e outras até são internadas nos hospitais para exames detalhados do coração. Vale destacar que em indivíduos saudáveis um ataque de pânico ou problemas psicológicos não têm influência para desencadear problemas cardíacos”, ressalta o médico.