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Pacientes em tratamento de câncer ainda não foram inclusos no grupo prioritário de vacinação da Covid-19

As sociedades médicas pedem a inclusão desde o início da imunização. Pacientes com câncer e que atendem os requisitos do Programa Nacional de Vacinação devem ser vacinados, alerta médico<

Pacientes em tratamento de câncer ainda não foram inclusos no grupo prioritário de vacinação da Covid-19

Embora as Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e a Sociedade Brasileira de Mastologia tenham realizado pedidos para incluir os pacientes que realizam tratamento de câncer no Programa Nacional de Vacinação da Covid-19, isto ainda não foi atendido. Por isso, os pacientes devem ficar atentos ao calendário de vacinação e, se tiver idade correspondente à imunização, procurar uma Unidade de Saúde ou agendamento drive in, para fazê-la.

Quem alerta para a necessidade da vacinação é o médico oncologista Dr. Gustavo Moriyama Canevari. “Grande parte dos pacientes com câncer estão na faixa etária que podem receber a vacina, por isso precisam ficar atentos aos calendários divulgados pela Saúde. Os demais, que não possuem idade ainda, podem ser incluídos na próxima etapa, que irá imunizar pessoas com comorbidades, então como alguns apresentam diabetes ou hipertensão, por exemplo, também serão inclusos. O câncer é um fator de risco e que deveria receber a vacinação contra a Covid-19 junto com as demais pessoas do grupo prioritário. Há uma discussão bem grande quanto a isso, mas aguardamos por mudanças e a inclusão.”

O médico explica que é preciso que o paciente respeite somente um prazo para poder tomar a vacina. Ele precisa estar em um intervalo e tomar a vacina duas semanas antes ou duas semanas depois da sessão de quimioterapia, para que a vacina tenha eficácia sobre o corpo do paciente e consiga produzir os anticorpos necessários. Nos pacientes com câncer, que estão em tratamento, as reações são normais, assim como as que foram vistas em pacientes saudáveis. Há unidades que estão pedindo uma carta de liberação da equipe médica para a aplicação das vacinas, então Dr. Gustavo solicita apenas que converse com o médico para pedir o documento e tirar dúvidas.
“É muito importante que o paciente oncológico se previna da Covid-19, especialmente por conta da recuperação e do atraso no tratamento do câncer. Há casos de pacientes que foram contaminados pelo vírus e precisaram ficar um longo tempo em internamento e ainda se encontram debilitados, sem conseguir seguir com as quimioterapias. Isso pode permitir um avanço do câncer ou recidivas. Além disso, o paciente com câncer, quando contaminado pela Covid-19, tem mais chances de entrar em óbito”, alerta.

O mesmo vale para a vacinação contra a gripe, na qual os pacientes com câncer estão inclusos como grupo prioritário. O paciente deve ser vacinado para evitar complicações, conforme explica o médico, alertando que é importante respeitar o espaço de 14 dias entre as doses.

Câncer é mais letal do que a Covid-19
Durante este mais de um ano de pandemia, Dr. Gustavo comenta que pacientes estão mais faltosos nas consultas, tratamentos e cirurgias. “Isso é um grande risco. Quando entramos em contato, os pacientes falam que a família não deixou por medo da Covid-19. Precisamos ter em mente que o câncer leva mais pessoas a óbito do que este vírus, então o tratamento não deve ser interrompido. Além disso, estamos adotando todas as medidas necessárias para evitar a disseminação do vírus dentro do hospital e dos consultórios. É um ambiente seguro”, diz.
Agora, com a vacinação da população mais idosa, os pacientes estão voltando aos consultórios e rotinas de tratamento, porém, muitas das vezes já com atraso no protocolo.

Ele reforça ainda que o diagnóstico precoce também é um fator que está preocupando a área de Oncologia. “Nós temos muitas histórias de sucesso quando o câncer é descoberto no início. Hoje, com exames, que são essenciais para esse controle e rastreamento, parados por conta da Covid-19, dentro de alguns anos, no máximo cinco, teremos uma geração com muitas sequelas deste vírus, especialmente com fibrose pulmonar, e diagnósticos de doenças em estágio avançado”, alerta.

O médico conta, ainda, que há pacientes que aguardavam por exames para diagnóstico desde o início da pandemia, porém, pelo avanço dos sintomas, preferiu realizá-los no particular. “Quando peguei os resultados já constatamos um câncer em estágio 04, o mais agressivo. Se o diagnóstico tivesse vindo antes, poderíamos tratar com mais tempo e ter um prognóstico melhor”, lamenta.

Dr. Gustavo explica que, em geral, os pacientes com sintomas ou em consultas regulares realizam o primeiro atendimento no sistema primário de Saúde (Unidades Básicas de Saúde), realizam exames e são encaminhados para a Oncologia. O paciente tem, por lei, o direito de iniciar o tratamento em até dois meses. Porém, essas atividades estão suspensas, restando procurar por atendimento particular. “Isso demanda um orçamento que muitas famílias não dispõem, especialmente após esse impacto na Economia. Caso o câncer seja identificado, o paciente pode optar pelo tratamento no SUS, visto que é muito difícil sustentar os tratamentos oncológicos via particular, pelo alto custo dos medicamentos e procedimentos médicos”, comenta. “Além disso ainda temos os pacientes que já realizaram o tratamento e precisam ser monitorados para evitar uma recidiva”, finaliza.