De acordo com o Hemepar, o estudo será retrospectivo e avaliará prontuários de 900 pacientes que já passaram por tratamento no hospital, pois as equipes querem ter um estudo completo com avaliação terap&ecir
O Hemepar e o Hospital do Rocio realizarão, em parceria, um estudo sobre o uso do plasma covalescente, ou hiperimune, em pacientes diagnosticados com Covid-19, que estiveram internados no hospital e apresentaram melhora, para nortear o tratamento com o método. O estudo é feito por meio do método retrospectivo, ou seja, leva em consideração pacientes que já receberam o tratamento e terão seus prontuários reavaliados pelas equipes. Ao todo, a amostragem reúne 900 pacientes com várias características, o que permite que as equipes de saúde que terão contato no futuro com os resultados das pesquisas tenham uma maior perspectiva na avaliação.
“Nós já separamos as tabelas e nesta sexta-feira (19) iremos nos reunir para conversarmos. O Hospital do Rocio utiliza o método desde maio do ano passado e nesta região, junto com o Hospital Angelina Caron, é um dos únicos, pois exige uma prescrição médica. O Hospital do Rocio utiliza cerca de 10 a 15 bolsas deste plasma por dia. Esse não é um método de tratamento novo utilizado pela Saúde, pelo contrário, já é usado desde a Gripe Espanhola, sendo usado também na Febre do Nilo, Ebola e mesmo na H1N1. Essa terapia foi regulamentada pela Anvisa como método compassivo, ou seja, quando não há estudos científicos, mas há indícios que comprovam a sua eficiência”, explica Liana Labres de Souza, diretora do Hemepar, à Folha de Campo Largo.
Embora existam mais estudos nesta linha sendo elaborados por outros hospitais, em outros estados brasileiros e mesmo outros países, Liana explica que essa parceria é uma das poucas com uma amostragem tão grande. “Existem estudos, mas com dez pacientes ou estudos de caso, o que nos permite ter o comportamento de um paciente, com características bastante específicas. Nossa intenção é trazer os aspectos gerais, tempo de infecção, internamento, quando iniciar o plasma hiperimune, se o paciente apresentava comorbidade, entre outros. Isso poderá nortear melhor as equipes. Hoje temos uma patologia há um ano, sabemos o que ela causa, tratamos os seus efeitos colaterais, mas não conseguimos tratar o paciente dela”, diz.
Não é possível determinar um prazo para o término do estudo, uma vez que as equipes continuam empenhadas em seus trabalhos, tanto o Hospital do Rocio no atendimento dos pacientes, como o Hemepar na captação de doadores de sangue. “Será um trabalho feito em paralelo, mas que temos interesse em terminar o mais breve possível para disponibilizar para nossos colegas da área da Saúde, mas vamos viver um dia de cada vez”, comenta.
O plasma hiperimune
Liana explica que ao ser contaminado e recuperado pela Covid-19, o individuo cria anticorpos, que passam a fazer parte da defesa do corpo. Em geral, essas células levam de sete a 14 dias para serem criadas pelo corpo, prazo este que podem levar o corpo a ter inflamações e complicações, como cansaço pulmonar – que levam o paciente ao respirador e à pneumonia -, entre outros agravos.
“A transfusão de plasma hiperimune é uma opção de terapia, mas não quer dizer que ela vai responder 100% positivamente em todas as pessoas, assim como os demais tratamentos existentes hoje. Ela só é administrada mediante liberação dos familiares ou do paciente, que autoriza o protocolo. Com isso, o paciente já recebe células de anticorpos prontas, o que faz diminuir a sua carga viral e auxilia o corpo na luta contra o vírus, diminuindo as chances de um agravo no quadro”, explica.
Liana acrescenta ainda que a transfusão é feita no início da infecção, nos primeiros cinco dias, em pacientes que não estejam com o pulmão comprometido por infecções.
Quem pode doar?
Podem doar o plasma hiperimune pacientes curados há 30 dias da Covid-19 ou, para ser mais exato, que fizeram exame PCR há 45 dias. As doações devem ser agendadas pelo site do Hemepar (https://www.saude.pr.gov.br/servicos/Saude/Atencao-a-Saude/Agendar-doacao-de-sangue-no-Hemepar-xv3Kqxo1), para evitar aglomerações.
O doador não pode estar tomando antibiótico ou anticonvucionantes no dia da doação, não ter passado por cirurgia cardíaca e seguir os critérios de doação de sangue disponíveis no site do Hemepar. Irá passar pela entrevista e o seu sangue passará por uma avaliação específica interna, para verificar se o plasma é considerado hiperimune. As doações podem acontecer em até 180 dias após a contaminação, após esse período a carga de anticorpos tende a baixar, sendo suficiente apenas para o doador.