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Jerônimo Stoco completa 105 anos de vida, saúde e muita história para contar

Muito lúcido e sempre falando em detalhes, Momi Stoco, como é carinhosamente chamado, completou 105 anos no último dia 28 de agosto.

Jerônimo Stoco completa 105 anos de vida, saúde e muita história para contar

Mais de um século de vida, saúde e muita história para contar, em detalhes para quem pergunta. No último dia 28 de agosto, Jerônimo Stoco completou 105 anos, comemorados com muita alegria por ele. Nascido em 1915, foi empresário e carpinteiro por muitos anos – trabalhou até os 85 anos, pois gostava de ajudar muita gente - e acredita que a sua saúde vem também do trabalho constante e da vida saudável que sempre levou.

“Meu pai nunca bebeu ou fumou e sempre dormiu e acordou muito cedo. Às 6h da manhã ele já está fazendo o café dele. A única bebida que ele tomava era o vinho que ele mesmo fazia, até alguns anos atrás, como um bom descendente de italiano. Minha mãe sempre criou animais e tinha horta, então eles sempre comeram o que eles criaram e plantaram. Ele é uma pessoa muito regrada. Trabalhou muito no pesado, pois ele fazia o trabalho braçal e minha mãe, dona Idalina, cuidava mais da casa e da parte administrativa quando eles abriram a própria empresa. Acredito que tudo isso tenha contribuído para ele ter tanta saúde. Hoje ele tem alguns problemas de audição e visão, mas está completamente lúcido e saudável”, conta o fillho de seu Jerônimo, Emídio Stoco.

Casou-se com dona Idalina Bianco Stoco, que também era da Colônia Campina, no “dia 19 de janeiro de 1938. Ficamos casados por 62 anos”, conforme relembra seu Jerônimo com exatidão. Teve com ela seis filhos, sendo quatro mulheres – duas já falecidas – e dois homens. Dona Idalina faleceu em 1999, com 80 anos. Atualmente mora sozinho, tem a ajuda dos filhos e de uma pessoa para fazer tarefas mais difíceis, porém cuida de tudo com muita atenção e cuidado.

É muito católico e tem muita fé em Deus. Gostava muito de ir às missas, conversar com os padres e mantém suas orações. Antes de ter alguns problemas de vista gostava muito de ler a Bíblia, alguns livros e até mesmo o jornal.

Por causa da pandemia, seu Jerônimo fica só dentro de casa mesmo, mas sempre gostou muito de passear. Relembra que foi para a Itália e fez várias viagens em família para alguns estados brasileiros. Ainda hoje os familiares o levam para passear em vários lugares.

“Quando instalaram um ponto de ônibus na frente da minha casa, eu comecei a andar pelos bairros de Campo Largo, Curitiba e cidades vizinhas. Eu gostava muito de passear por aí e conhecia tudo, pois entrava e saia do ônibus sem pagar passagem. Pensei que seria importante um banco no ponto de ônibus. Fiz um banco, coloquei ali e no outro dia ele havia sumido. Fiquei muito chateado, resolvi fazer outro e fixar ele, para ninguém roubar. Ele está ali até hoje”, conta.

História de vida
O sétimo de 12 irmãos, nasceu e foi criado na Colônia Campina. Estudou por dois anos, quando ainda era criança, com um professor de Curitiba e morou com ele no bairro Umbará. Voltava para casa na época de férias, de trem e descia em Balsa Nova. “Lembro que naquela época ‘caía’ umas geadas muito fortes. Uma vez choveu muito até meia noite e na manhã seguinte tinha muita geada, não como a que vemos agora, muito mais forte, que formou vidro nas poças de água e nós brincamos de jogar pedra para quebrar o gelo formado no chão”, relembra.

Seu Jerônimo começou a trabalhar desde muito cedo, aos 10 anos, junto com o pai que era carpinteiro, na marcenaria da família. “Meu pai não deixava ninguém parado, estava sempre arrumando serviço. Comecei com 10 anos e trabalhei até 23 anos, quando eu era solteiro. Casei com 23 anos e continuei com ele por mais quatro anos, quando decidi trabalhar por conta. Meu irmão disse para eu ir para a cidade, para ter mais oportunidades e me mostrou um terreno com laranjeiras e disse que seria bom para mim. Eu juntei dinheiro, naquela época a moeda era Réis, e comprei. Faltava dinheiro ainda para construir a casa, demorei algum tempo, mas consegui construir a casa da minha família junto com a Idalina.”

Seu Jerônimo, junto da esposa Idalina e os filhos, vieram morar na região central de Campo Largo em 1953 e começou a trabalhar construindo casas de madeira. Em 1958 deu início à sua própria empresa, ainda pequena. “Eu trabalhei muito na minha vida. Trabalhei por seis anos com construção de casas de madeira, coberturas de casas de alvenaria, colocava portas, janelas e tudo mais. Um dia eu estava pregando o beiral de uma casa e a tábua tava meio solta, fui abaixar para endireitar, ela despregou e eu caí. Trinquei o braço e sofri muitos machucados nas pernas, barriga e nos braços. Quando cheguei em casa a mulher me perguntou ‘mas o que aconteceu?’ e eu expliquei para ela. Fiquei mais uns dias para me recuperar”, conta.

“Depois de casado eu trabalhava muito para várias pessoas. Uma vez fui montar um barracão perto de fios de alta tensão e tinha que trabalhar abaixado. De repente eu me distrai e levantei, recebi uma descarga de 12 mil volts. Estava de chapéu de palha e estava um dia muito quente, com sol forte. A eletricidade me jogou uns quatro metros para baixo, minha sorte é que algumas coisas que estavam no chão amorteceram a minha queda, mas fiquei enroscado e machuquei minhas pernas. Meu ouvido estava com zumbido muito alto, levou mais de uma hora para eu voltar a ouvir. Eu não morri porque não estava na hora”, comenta dando risada.

Na vida empresarial, seu Jerônimo conta que foi crescendo aos pouquinhos, comprando equipamentos usados, trocando sempre quando sobrava um dinheiro para investir. “Eu comecei na Colônia Campina fazendo trabalhos em madeira para rodas de carroça, tudo no ‘muque’, sem máquina nenhuma. Para tornear o miolo da roda, usava um torno que tinha que acionar com o pé, era um trabalho muito pesado. Tenho o torno até hoje guardado para lembrar às pessoas o trabalho necessário para conseguir construir tudo”, comenta.

105 anos
“Como eu cheguei nessa idade? Eu também não sei te explicar. Pois cada ano que passa eu penso que ‘tô’ sempre aqui. Às vezes eu penso que lá em cima se esqueceram de mim”, brinca. “Quando estou na cama sozinho e começo a pensar: ‘como pode eu tá aqui com 105 anos contando histórias, andando por tudo e lembrando de tudo, desde quando eu era muito pequeno’. Passei por tanta coisa, mas graças a Deus eu estou aqui, firme e forte”, afirma.
A equipe da Folha de Campo Largo faz votos de muita saúde e alegrias para o seu Jerônimo, que ele tenha ainda muita história para contar.