Nas últimas semanas as redes sociais entraram em uma verdadeira ebulição, e por uma causa bastante justa: a necessidade de discutir o racismo, uma atitude ultrapassada, mas que ainda se mostra presente dentro da sociedade brasil
Nas últimas semanas as redes sociais entraram em uma verdadeira ebulição, e por uma causa bastante justa: a necessidade de discutir o racismo, uma atitude ultrapassada, mas que ainda se mostra presente dentro da sociedade brasileira e mundial. Tudo começou quando um policial norte-americano causou o sufocamento, provocando a morte de George Floyd, um homem negro que estava sob custódia e desarmado, em Minneapolis, cidade do Minnesota, nos Estados Unidos. Foram feitos vários protestos, pedindo justiça para o caso, o que acabou gerando uma comoção geral.
Os brasileiros então começaram a puxar histórias de pessoas negras brasileiras que também foram mortas de forma brutal, sem conseguirem se defender ou ter qualquer tipo de envolvimento com o crime, como é o caso do jovem João Pedro de Mattos, de 14 anos, que estava jogando sinuca junto com amigos na casa do tio, no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, quando foram surpreendidos por policiais que faziam operação e entraram atirando 70 vezes, acertando o menino. Ele seria levado a um hospital de helicóptero, sem nenhum familiar junto, mas no dia seguinte foi encontrado pela família no IML de São Gonçalo.
A proposta da discussão trazida por essas pessoas é a necessidade de resignificar a participação da população afro-descendente no cenário social, que é sempre visto como periférico. Dispontaram ainda situações em que pessoas da nossa própria cidade, Campo Largo, que relataram já terem sido seguidas dentro de estabelecimentos comerciais, e até sofreram acusações injustas. O grande dilema, que a internet não deixou passar batido, é tornar isso tudo efetivo, que renda mudanças reais e não apenas a adoção de um discurso digital, que será esquecido dentro de algumas semanas.
Ainda neste cenário de debates digitais, aconteceram as manifestações públicas reais, que levaram para as ruas centenas de pessoas, em protesto contra o governo do presidente Bolsonaro. Esse é um ponto que deveria ter sido revisto. Manifestações realizadas em meio a uma pandemia de Covid-19, que já levou a óbito mais de 32 mil pessoas, não poderiam ter sido colocadas em prática, assim como foi dito nas manifestações pró-governo. Pareceu mais o famoso ditado “dois pesos, duas medidas”, onde os opositores criticam a postura, mas fazem o mesmo, acreditando que só por ser contrária, torna-se mais legítima. O mais triste foi ver a bandeira nacional, que não é símbolo de um determinado governo, mas o maior símbolo da pátria, sendo queimada. Sinal de intolerância, equívoco e desordem. O mesmo vale para o quebra-quebra que acometeram prédios e equipamentos públicos e particulares.
Somos seres humanos, dotados da capacidade de pensar muito bem antes de falar e de agir, e não podemos nos deixar levar por situações. Precisamos, como sinal de empatia e humanidade, mudar sim ações que possam ser interpretadas como ofensivas a alguém e estimular desde cedo essa atitude. Só não podemos nos deixar levar por pessoas que querem instituir a balbúrdia. Quando agimos com intolerância e agressividade, toda a nossa causa perde valor.