"Creio em Deus, respeito a família tradicional, porém esse não é ó único modelo“Acredito que a melhor forma de enxergar esse projeto não seria dizer que ele não é importante ou que é menos importante que outros. Ele é tão importante quanto todos os que já apresentei e que nada tinham relação com a causa LGBT. Sempre pensei e lutei por toda a população, sem nenhum tipo de exclusão ou segregação, de forma justa e honesta, para abranger a sociedade como um todo e dar respaldo a cada um, independente de religião, cor, classe social, orientação sexual ou gênero. Creio em Deus, respeito a família tradicional, porém esse não é o único modelo de família existente em nossa sociedade. É preciso olhar pra frente, com seriedade e respeito sem distinção.”
Essa declaração é da vereadora Cléa Oliveira sobre a polêmica gerada nesta semana após apresentar em Plenário o Projeto de Lei 40/2020 para instituir a Marcha pela Diversidade LGBTQI+ em Campo Largo. O projeto foi retirado de pauta porque os vereadores pediram para estudar melhor a questão antes de votar. Criticada por muitas pessoas, que argumentaram ter “projetos mais importantes a serem votados”, que era “lamentável” e estava “ridicularizando a família”, também recebeu diversas mensagens de agradecimento, com relatos de pessoas que precisam esconder a orientação sexual, que sofrem muito preconceito e são muitas vezes humilhadas e ridicularizadas.
O termo LGBTQI+ representa lésbicas, gay, bissexuais, travestis, transexuais e Queer (um novo termo utilizado para pessoas que se identificam com algumas das letras da sigla, mas também podem fazer parte de todas elas. Para a veradora, o projeto trata sobre um assunto de extrema importância na sociedade e que ainda é tabu em Campo Largo. “Fui procurada por um grupo de pessoas LGBTs aqui da cidade, que já estavam organizando a marcha. A ideia do projeto surgiu da necessidade dessas pessoas serem ouvidas, respeitadas e aceitas, criando políticas públicas de apoio. Muita gente criticou o projeto, dizendo que não existe homofobia em nossa cidade, porém, conversando com pessoas gays e trans é possível perceber que muitas delas se escondem, têm medo de serem repreendidas. A violência não acontece apenas quando há agressão física ou verbal. Querer calar uma luta legítima é, também, uma forma de violência”, explica.
Como psicóloga e pós-graduanda em Sexualidade, Cléa diz que vê de perto essa realidade. “Estudo sobre isso e é preciso dizer que nenhuma outra família será afetada devido a uma marcha, que nenhuma religião será desrespeitada. Estou há oito anos como vereadora da cidade, quem acompanha meu trabalho sabe que apoio todas as causas, sempre estive junto ao povo, sem desmerecer a realidade e a luta de cada um. Respeito todas as famílias, as tradicionais e as que não seguem o padrão social, pois somos todos cidadãos, pagamos impostos e temos nossos direitos”.
Ela ainda lembra que homofobia passou a ser considerada crime desde o ano passado e que manifestação pública é direito de todos os cidadãos, previsto por lei, independente de gênero, classe social, cor ou orientação sexual. A Marcha pela Diversidade acontece em diversos lugares do mundo, em vários estados e cidades do Brasil, pedindo justamente respeito, direito à vida, à liberdade e pregando o amor, conforme ela detalha. O projeto, se aprovado, é para que seja realizada a Marcha no último domingo de setembro, anualmente, em Campo Largo.
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