Ele declara à Folha que sempre teve muita fé e a partir de agora Deus estará ainda mais presente, porque ganhou uma nova vida. Quanto à pandemia da Covid-19, diz que tudo precisa de bom senso, pois nenhum extremo é
“Estou psicologicamente e fisiologicamente pronto para ir para casa”, declara Mario Boaron, sócio-fundador da Engerama, que ficou 20 dias internado no Hospital do Rocio em tratamento após ter sido contaminado pela Covid-19. Ele tem feito exames, principalmente para ver como está a capacidade do pulmão em transferir oxigênio para o sangue, e diz que estava nas mãos dos médicos, aguardando o momento que achariam melhor ele ir para casa.
Mesmo quando chegar em casa, ele comenta que ainda precisará ficar em um quarto sozinho, mantendo medidas de prevenção porque nesse momento ainda pode ser transmissor da doença. Mas se sente muito bem, diz estar tranquilo e tendo que conviver por um tempo com a tosse devido à fibrose pulmonar. Uma das coisas que tem sentido falta de fazer é andar pelo quintal e tomar um pouco de sol.
Lembra que os primeiros sintomas que teve foi de febre, tosse e mal-estar para respirar. Não sabe como pegou, pois não teve contato com pessoas que ele soubesse que tiveram a doença. Ele detalha que teve asma quando criança, mas que nunca mais apresentou mais nenhum quadro. Apresentou aqueles sintomas por uma semana e foi orientado a ficar em casa, chegou a ir para o hospital e três dias depois piorou, quando acabou sendo internado.
No dia que decidiram que o melhor seria entubá-lo, chamaram o filho Bruno para ver se autorizava e neste dia sentiu que a vida estava em grande risco, mas como era única saída teve que enfrentar. O medo foi inevitável, mas também com esperança, o que o ajudou nesse resultado positivo.
Na UTI do Hospital do Rocio foram seis dias entubado e comenta que não lembra de nada. Ficou por mais quatro dias na UTI, acordado, mas conta que fica parecendo que está no meio de um sonho. “Vida de UTI é difícil”, relata, mas agradecendo que foi muito bem tratado e sempre com muita fé. “Cabeça fica meio perdida, experiência difícil de passar”, completa. Quando saiu da UTI, a sensação foi de “uma vitória na vida, um presente de Deus, ainda mais com toda aquela festa que fizeram, foi emocionante”. Nem a família pode visitá-lo em todos esses dias, apenas viu alguns dos familiares em um dia durante conversa com os médicos.
A partir de agora, diz que fica ainda um pouco limitado pela fibrose nos pulmões, mas a vida segue. “Sempre tive fé, Deus no coração e agora senti Ele mais próximo ainda. Vou ficar mais próximo de Deus. A vida segue, continuo bem com a família, como sempre foi, e descobri que tenho muito mais amigos verdadeiros ao meu lado. É um presente de Deus.”
Em relação à pandemia, como relato de uma pessoa que sofreu os sintomas da Covid-19, Mario declara que em tudo na vida é preciso ter bom senso, nenhum extremo é bom. “Rigor demais para parar a economia não serve para o país e para a população essa liberdade exagerada de quem não se cuida também não é bom. Tem que ter bom senso, o país tem que caminhar, a economia voltar a funcionar, não pode ficar parada como está hoje. Tem que se tomar os devidos cuidados, no trabalho, na família. Tem que aos poucos voltar à rotina se adequando à nova realidade, senão a situação fica pior. A vida econômica tem que girar com todos os cuidados”, argumenta.
Mario revela que valoriza muito Deus e “daqui pra frente Deus vai ficar ainda mais forte e mais presente em mim. Como Ele me deu este presente de uma nova vida, eu devo muito a Ele. Faço um agradecimento especial a todas essas pessoas que rezaram por mim, à equipe médica e toda a equipe do Rocio, pois fui muito bem tratado. Fico muito grato por tudo que passei e o esforço conjunto, de fé, de oração e da capacidade dos profissionais. Mesmo sendo uma doença nova fizeram o melhor, muito dedicados”, finaliza.
* Na foto, quando Mario ganhou alta da UTI