O preço do boi inteiro chegou a aumentar quase 50%, mas para amenizar ao cliente, empresários diminuem margem de lucro. Restaurantes já sentem o custo e setor se preocupa com o que está por vir
O aumento de cerca de 50% no custo para compra da carne bovina tem preocupado empresários do setor, conforme informou um açougueiro à Folha. Responsável pela compra neste açougue tradicional de Campo Largo, ele diz que os aumentos estão acontecendo até duas vezes na semana, desde o final de outubro, mas não conseguem repassar tudo aos clientes finais, diminuindo a margem de lucro. Na venda por atacado, disse que os restaurantes já estão sentindo o impacto deste aumento e também não estão conseguindo repassar os custos para os clientes. O aumento também acontece no frango e carne de porco, mas em menor proporção.
Segundo ele explica, desta vez não é o de costume, que todo final de ano aumenta devido à procura com mais festas. Explica que os produtores têm exportado mais carne, pois assim conseguem maior rentabilidade, e a oferta nacional tem diminuído. Também alguns têm segurado para o boi engordar mais e conseguirem um maior valor, já que é o preço por arroba. Ele enfatiza que o boi inteiro que eles compram, em média com 20 arrobas, teve um aumento de quase 50%. Como o manuseio e todo o corte da carne é feito no próprio açougue, ainda conseguem absorver parte deste aumento e não repassam tudo ao consumidor. Outro motivo destacado por ele para o aumento no preço é que o Paraná está livre da febre aftosa, o que valoriza o valor do boi, que aqui no Estado é de alta qualidade.
A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) divulgou no dia 07 de novembro deste ano que o boi tinha atingido o maior preço na história do Real, com custo de R$ 181 a arroba. Para ter ideia desse aumento, nesta quarta-feira (20), o preço médio por arroba no Brasil já estava sendo comercializado a R$ 205, de acordo com a Scot Consultoria. Alguns frigoríficos ainda estão segurando os preços porque tinham estoque, por isso profissionais do setor acreditam que o aumento deve ser bem expressivo nos próximos dias.
A preocupação de profissionais do setor é que vai chegar um momento em que não vão conseguir absorver todo esse aumento sozinhos e o cliente vai sentir bastante. Temem principalmente no mês de dezembro, em que naturalmente os preços já subiam e acreditam que as pessoas vão se assustar. Para o início de 2020, preveem que deve reduzir um pouco, assim como em outros anos, mas ainda com valores maiores dos habituais devido à crescente na exportação.
Exportação
De acordo com a Abrafrigo, a China tem apresentado queda na produção de suínos e tem se forçado a comprar mais carne do Brasil, forte exportador de carne bovina e suína. Com a maior procura para exportação, que garantem maior renda aos criadores, a oferta no Brasil diminui e consequentemente faz os preços subirem. As condições favoráveis no mercado internacional devem permitir um crescimento de 10% das exportações brasileiras de carne bovina neste ano. As vendas para a Rússia, que retomou as compras de carne do Brasil neste ano, cresceram 694% de janeiro a outubro; para os Emirados Árabes a alta foi de 175%, para a Turquia chegou a 509%, para as Filipinas atingiu 43% e para o Uruguai 84%. A entidade prevê que 2020 também será positivo para o segmento com a habilitação de mais plantas para a Indonésia e outros países do sudoeste asiático, além da possibilidade de os Estados Unidos reabrirem seu mercado para a carne in natura brasileira.
Preços
Neste açougue utilizado como fonte pela Folha, apesar do custo maior em cerca de 50% no boi inteiro, eles ainda estão repassando apenas parte deste aumento. Entre as carnes mais procuradas, segue algumas comparações do final de outubro para o preço atual:
Alcatra com osso de R$ 23,90 o Kg para R$ 29,90; filé com mignon de R$ 23,90 por R$ 28,90 o Kg; moída de 1ª de R$ 18,90 por R$ 21,90 o Kg; bife coxão mole de R$ 23,90 por R$ 28,50 o Kg; o quilo do Setinho era 16,90 e está R$ 18,90 e da posta vermelha era R$ 18,90 e está R$ 24,90.