No currículo do árbitro Lucas Torezin há finais de campeonato e participações em grandes jogos do Brasileiro
Futebol é uma paixão que move milhões de pessoas ao redor do mundo, há várias décadas. Entre paixões das mais diversas cores, há pessoas que se mantêm imparciais e são extremamente profissionais quando o assunto é futebol, como deve ser o árbitro. O campo-larguense Lucas Torezin, formado em Educação Física, é um exemplo. Neste domingo (20) ele irá atuar como AVAR 1 (assistente do árbitro de vídeo) no confronto São Paulo x Avaí, pelo Brasileirão. No último dia 05 ele atuou no jogo Paraná x Coritiba, como árbitro.
O responsável pelo gosto da arbitragem de Lucas foi um amigo e colega de faculdade dele, Bruno Boschilia, que hoje é assistente Fifa, e durante o curso de Educação Física trabalharam juntos na Secretaria Municipal de Esporte de Curitiba, quando começou a acompanhar mais de perto o trabalho. “Isso despertou meu interesse e eu fiquei mais por dentro do mundo da arbitragem.”
Lucas conta que é um processo para conseguir trabalhar em jogos do Brasileirão, por exemplo, ou chegar a apitar uma final do Campeonato Paranaense. Ele finalizou o curso de arbitragem em 2009, quando ainda na fase do curso trabalhou na Copa Kaiser, futebol de várzea, passando depois de um tempo para o amador, categoria de base, até estrear em 2011 na 3ª Divisão do Campeonato Paranaense, 2012 na 2ª e 2013 na 1ª Divisão.
“Depois de alguns anos de trabalho na 1ª Divisão do Paranaense, tive indicação para o quadro da CBF e foi um novo patamar, construindo uma história dentro desta instituição. Trabalhei já em jogos da categoria de base, 4ª, 3ª e 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro, atuando como árbitro adicional e na 1ª Divisão atuando como AVAR e quarto árbitro”, relembra.
Quando começou na arbitragem, ele passou a ter alguns objetivos, como apitar um jogo profissional na 1ª Divisão do Paranaense e quando chegou, quis entrar no quadro nacional de árbitros e depois disso foi apitar um clássico. Teve a honra de apitar um Atletiba no ano passado, durante o Paranaense. “Desde o momento da designação, foi um misto de alegria e uma certa tensão, por saber que é um jogo que envolve a emoção de pessoas próximas, de grandes torcidas. Graças a Deus foi um jogo que eu tive uma atuação discreta, não teve erro que definisse resultado, foi legal”, diz.
Outro jogo que marcou a memória dele foi Flamengo x São Paulo, no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, como AVAR 1. “É o sonho de todo mundo atuar nesse estádio. Não tive uma oportunidade ainda de trabalhar como árbitro principal, mas foi uma boa”, relembra.
Atuação discreta e preparação
Um bom árbitro tem uma atuação discreta, é imparcial e bastante profissional no momento das partidas. Ao longo da sua carreira, Lucas já teve a oportunidade de conhecer jogadores, técnicos, comissão técnica e outros profissionais do futebol mais conhecidos pelo público, porém destaca que os encontros dentro de campo são estritamente profissionais. “O árbitro é privilegiado por estar dentro de campo, convivendo com outros jogadores, vendo jogadas, mas ao mesmo tempo tem o respeito que é o mesmo com um jogador da Seleção Brasileira e com um jogador do amador. Nós estamos ali para administrar um jogo, então não podemos nos deixar levar por essas emoções”, enfatiza. Ele revela também que admira o trabalho de outros colegas, que também são árbitros. “Eu tive a oportunidade de trabalhar com excelentes árbitros, como auxiliar, inclusive árbitros FIFA, e é sempre uma aprendizagem”, afirma.
A escala da CBF sai sempre por rodada, são emitidas passagens aéreas, reserva em hotel, chega um dia antes do jogo e volta para casa, normalmente, um dia depois. “Nós fazemos uma reunião técnica, procuramos notícias, assistimos jogos das equipes, programando e pensando como será o jogo, descansa e se prepara bastante. No dia nós chegamos no estádio com duas horas de antecedência, faz vistoria de gramado e de uniformes, relacionamento com jogadores, faz aquecimento, testa todos os nossos aparatos de trabalho, como ponto, bandeira eletrônica, entre outros, realizo algumas medidas administrativas e faço uma oração”, diz.
Após o jogo acontece o preenchimento das súmulas, que é o documento oficial da partida, feito de forma online, pelo quarto árbitro e passa por revisão. O que está na súmula é o contabilizado para o campeonato e também dará base para as notícias esportivas. O preenchimento incorreto pode gerar multas e até suspensão, conforme conta Lucas.
A carreira dele é baseada em árbitro principal, por isso o preparo físico é extremamente importante e fundamental na carreira, já que ele corre mais do que o jogador, chegando a bater por jogo 12km. “Tem que ter resistência para corrida curta, longa, de costas, lateral. Então exige uma série de treinos variados, com corrida, pedalada, musculação, e uma boa alimentação”, diz.
VAR
Quando se definiu o uso do recurso do árbitro de vídeo no Campeonato Brasileiro, muitos ficaram até apreensivos, para saber como seria, já que era uma novidade. Neste ano, o campo-larguense teve a oportunidade de ser convocado para fazer o curso do árbitro de vídeo para ter a habilitação. “É uma experiência nova, muito legal, de muita responsabilidade e concentração. Se no campo o erro já não é admitido, no vídeo mais ainda, porque você tem a oportunidade de rever o lance, claro que com um limite de tempo para não prejudicar a dinâmica do jogo e depois dali não tem mais volta, seria um erro muito grave”, revela.
Árbitro tem time?
“O árbitro é torcedor do seu trabalho e do trabalho dos seus colegas. Alguém acreditar que um árbitro vai torcer para um time A ou B, é até uma inocência. Acima de tudo estamos defendendo o nosso interesse, pois é com a minha atuação naquele jogo que eu vou garantir minha próxima escala, a continuidade da minha carreira e meus ganhos financeiros, que acontecem por jogo. Ninguém vai favorecer A ou B e se prejudicar”, afirma.
Objetivos futuros
O grande objetivo dele agora é apitar um jogo do Campeonato Brasileiro como árbitro principal. “Já tem alguns jogos na 2ª Divisão do Brasileiro que eu tenho conseguido fazer um bom trabalho, buscando fazer um bom jogo, independente de qual seja. Lá atrás eu nem imaginava que conseguiria chegar onde cheguei. Agora que eu estou aqui, queria apitar o jogo da 1ª Divisão do Brasileiro. Trabalhar com um escudo Fifa é também um sonho, mas em um grupo de 600 árbitros CBF, nós temos apenas 35 atuando na 1ª Divisão do Brasileiro e 10 que têm o escudo Fifa, então busco fazer o meu melhor a cada jogo”, diz.
“Eu agradeço muito à minha esposa e minha filha, principalmente, por entender a minha dinâmica de trabalho. Agradeço aos familiares, amigos e torcedores que admiram e reconhecem o meu trabalho, ainda mais depois da atuação do clássico no Paratiba. Meu muito obrigado”, finaliza.