Cada vez mais cedo, crianças e adolescentes estão adeptos ao uso das redes sociais. O prejuízo desse uso indiscriminado das redes sociais por pessoas tão jovens podem ser grandes.
Cada vez mais cedo, crianças e adolescentes estão adeptos ao uso das redes sociais. A pesquisa TIC Kids Online Brasil (2017) mostrou que oito em cada dez crianças e adolescentes brasileiros, entre 09 e 17 anos, têm acesso a internet e estão inseridos nela e 75% utilizam as redes sociais sem supervisão.
O prejuízo desse uso indiscriminado das redes sociais por pessoas tão jovens podem ser grandes. Priscila Stocco Costa, psicóloga clínica, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e capacitação em Regulação Emocional Infantil (CRP 08/19794), explica que ainda que as redes inibam algumas ações, pessoas mal intencionadas ainda têm acesso aos jovens internautas e cabe aos pais protegê-los. “Manter um bom diálogo sobre o que é certo e o que é errado, a diferença entre o mundo real e o virtual e mostrar disponibilidade para ouvir oportuniza que crianças e adolescentes contem, caso percebam algo de errado nas relações virtuais, e possam receber ajuda necessária.” A psicóloga explica ainda que os pais devem orientar sobre o uso moderado da internet, os riscos de se conversar com estranhos e de expor conteúdos pessoais e sobre boas maneiras de se comportar no mundo virtual, além de fazer uma monitoria positiva, ou seja, manter atenção para as atividades dos filhos. “Os mais novos podem não saber que as relações virtuais são limitadas, brincadeiras podem soar como ofensas, podem ocorrer desavenças por opiniões diferentes, sem falar em ataques ‘silenciosos’ que podem acontecer”, diz
Ficar horas exposto ao mundo virtual pode gerar graves consequências, tais como apresentar sintomas de ansiedade, demonstrando que necessita acompanhar tudo que se passa pelas redes, pode também caracterizar uma dependência tecnológica. Além disso, se o usuário não discernir o real do virtual e ter a consciência que a internet é um fragmento da vida pessoal de outrem, poderá criar uma grande ilusão da vida real e se sentir frustrado, afetando a autoestima, tornando-os pessoas ansiosas ou deprimidas, conforme explica.
“É importante ficar atento às pessoas que se isolam, pois alguns casos requerem tratamento especializado. As mídias precisam ser administradas com responsabilidade e jamais devem substituir o contato físico entre amigos e familiares”, orienta.
Assim, o excesso do uso das redes dá margem para deixar de lado outras atividades essenciais para o desenvolvimento e para a vida e, por isso, a psicóloga enfatiza a necessidade de estimular a criança desde cedo a brincar em grupos e com diferentes ferramentas e a respeitar uma rotina de atividades. Caso a prioridade se torne o online, o exercício da empatia pode ficar em segundo plano.
Priscila relata ainda que o próprio entendimento sobre a privacidade acaba sendo afetado, e enfatiza que é preciso ter a noção da dimensão que isso pode atingir. É importante ressaltar que a exposição muitas vezes é realizada pelo próprio adulto que posta diversas informações nas redes, invadindo até o direito do outro, como os checkins ou fotos de crianças com uniformes.
Filho agredido e filho agressor
Diferente do bullying, o cyberbullying permite que a exposição que está gerando o trauma acabe viralizando em poucos segundos, levando a um possível desespero e sentimento de impotência, ao não conseguir conter a publicação.
A recomendação feita pela psicóloga nesta situação é o acolhimento. Em seguida, dependendo da gravidade da situação, os pais precisam buscar seus direitos sobre o crime virtual e encaminhar o filho para acompanhamento psicológico.
Porém, os responsáveis também podem se deparar com a situação de que o filho é o agressor nas redes sociais, momento para uma conversa sobre comportamento e a gravidade do ato deve existir. A psicóloga indica ainda que os pais precisam tentar entender se existe algum outro problema que gerou este mau comportamento para buscar um acompanhamento profissional adequado.