Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 10:48:09
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Abril Azul enfatiza necessidade do diagnóstico precoce do autismo

Com diagnóstico e tratamentos terapêuticos adequados, a criança autista pode apresentar um ótimo desenvolvimento
Abril Azul enfatiza necessidade do diagnóstico precoce do autismo

No próximo dia 02 de abril será comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que visa debater na sociedade a importância da in­clusão de pessoas autistas e também do reconhecimento de sintomas do transtorno, a fim de conseguir o diagnóstico mais cedo. A data tem tanta importância, que recentemente o mês de abril recebeu a cor azul, que simboliza o autismo e o mês inteiro é dedicado a ele.

A psicóloga Erica Vanessa, especializada em Transtor­no do Espectro Autista e com currículo voltado para aprimo­ramento nesta área, explica que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúr­bio do desenvolvimento, com causas múltiplas, de origem neurobiológica com início precoce. “Ele afeta significa­tivamente as habilidades so­ciais e de comunicação, além de comportamentos estereo­tipados, ou seja repetitivos e com fixações. A maior ocor­rência é em indivíduos do sexo masculino, cerca de uma a cada cinco pessoas no espectro são do sexo fe­minino. São vários os sinto­mas e nem sempre a criança irá manifestar todo o conjun­to.”

Entre os sintomas des­critos pela especialista es­tão a falta do contato visual, não apontar para mostrar o que quer e ao invés dis­so, levar a mão/braço do adulto para pegar o obje­to que deseja, não sorrir ou imitar expressões faciais ou brincadeiras dos pais, enfileirar objetos (em alguns casos ela cita que podem ser usados padrões para isso, como cores ou tamanhos), não responde ao nome ou a cha­mados, podendo parecer surda em algumas situações; balançam as mãos ou braços em movimentos rápidos e repetidos ou o tronco em movimento ritmado, ausência ou atra­so na fala, dificuldade em mudar de rotina e preferir objetos do que a presença de pessoas, parecer não se importar em estar ou não acompanhada, mostrar tendência ao isolamento.

“Ao notar qualquer déficit no desenvolvimento da crian­ça, os pais devem o quanto antes buscar por uma avaliação, seja do neurologista, neuropediatra, pediatra, psicólogo ou neuropsicólogo para que estes profissionais possam auxi­liar e, se a criança se enquadrar no transtorno, esta famí­lia possa ser logo direcionada para buscar os tratamentos adequados. É importantíssimo que este diagnóstico seja fei­to o quanto antes para que a família não perca tempo, pois quanto antes os tratamentos começam, melhores os resul­tados do processo terapêutico”, diz.

Entre os tratamentos existentes destinados às pessoas autistas, os que possuem maior respaldo pela comunidade científica, segundo Erica, é a Análise do Comportamen­to Aplicada, (do inglês, ABA), que estuda o comportamen­to humano e como método terapêutico visa buscar o ensino de habilidades sociais, acadêmicas, de comunicação, da vida diária, de afetividade, cognição, psicomotor e interes­ses, criando estratégias de trabalho que promovam o me­lhor desenvolvimento e qualidade de vida do indivíduo. Os profissionais de Psicologia, Fonoaudiologia e Terapia Ocu­pacional são indispensáveis para o desenvolvimento saudá­vel das habilidades da criança no TEA.

Diagnóstico na fase adulta?

Isso existe e, segundo a psicóloga, é muito comum. “Muitas pessoas com au­tismo leve podem passar a vida toda sem saber, já que em algumas situações o pró­prio individuo aprende a de­senvolver métodos para lidar com suas dificuldades. Estas podem ser pessoas qualifi­cadas como tímidas, siste­máticas e até estranhas em algumas situações. São su­jeitos com maior dificuldade em se relacionar, em enten­der sutilezas, piadas, inten­ções ocultas. Às vezes falam ou se interessam pelos mes­mos assuntos, podem mos­trar dificuldade em olhar nos olhos em uma conversa. Po­dem ser pessoas fechadas demais ou ingênuas em cer­tas ocasiões. Seguem pa­drões e rotinas, se dão bem em empregos mais voltados à lógica e Matemática e em certos casos não buscam tanto por contato social”, explica.

O autista na sociedade

A especialista explica que no autismo a socialização é uma das grandes dificuldades, às vezes por não ter interes­se da parte do autista, mas em grande maioria por ele não saber como fazer e não por não querer. Porém, segundo ela, com os treinos e o auxílio da equipe terapêutica, estas crianças podem aprender a desenvolver habilidades de inte­ração, inclusive se mostrando bastante afetuosos.

Segundo ela, existem vários perfis de indivíduos com TEA e isso se mostra na escola também. “Em cada caso precisamos avaliar quais as dificuldades, quais as potencia­lidades e as melhores estratégias de intervenção. Às vezes não é necessário adaptar o currículo escolar, em outras sim. Em alguns casos necessitamos de um profissional de apoio na escola, em outros casos apenas orientar a equipe esco­lar já é suficiente. Eu sempre indico a inclusão em escola regular e há casos de excelente adaptação em Campo Lar­go mesmo”, revela.

Infelizmente, alguns rótulos são colocados nas pesso­as que são diagnosticada com TEA. “Para aqueles que não têm em casa alguém no espectro, o respeito e gentileza são primordiais. Eles são indivíduos encantadores, que muitas vezes só precisam de um pouco de paciência, de seus dire­tos respeitados, de suas vagas em escolas garantidas, de um apoio à mãe com o filho que pode estar em uma crise, ao invés de puni-la com olhares de cobrança e julgamento. Ensinem seus filhos e filhas a respeitar e tratar a todos com educação, sejam autistas ou não”, enfatiza.