Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 06:11:24
Saúde

Estresse em ambiente de trabalho pode afetar outras áreas da vida pessoal

Outros males que podem ser associa­dos ao estresse, tais como problemas de pele, problemas cardíacos, hipertensão, ansiedade, alergias, infecções, úlceras

 

Estresse em ambiente de trabalho pode afetar outras áreas da vida pessoal

Uma pesquisa feita pela Associação Internacional do Controle ao Estresse, ainda em 2017, revelou que os brasileiros são o segundo povo mais es­tressado no mundo, ficando atrás somente dos japoneses. Isso levou os especialistas a tratarem o estresse como um dos maus do século para os brasileiros. Um dado levantado pela pesquisa aponta ainda que o mal-estar ligado ao tra­balho é o culpado pelo estresse de 70% dos brasileiros en­trevistados.

A Folha conversou com a psicóloga e especialista em terapia cognitivo-comportamental, Priscilla Chervinski, que explicou que o estresse pode ser difícil de ser constata­do, mas que sentimentos podem entregar essa condição. “Ele aparece através de sensações como medo, desconfor­to, preocupação, irritação, frustração, indignação e nervoso. Além disso, também produz alterações físicas, como cora­ção acelerado, músculos contraídos, pressão arterial alta, respiração curta e sentidos mais nítidos. O estresse tam­bém pode desencadear várias doenças e amplo efeito ne­gativo na saúde mental do trabalhador. Pode levar desde a violência até comportamentos de risco. O estresse no tra­balho afeta não só a saúde dos profissionais, mas também a produtividade das organizações. Sendo assim, as condi­ções de vida e de trabalho podem influenciar no bem-estar físico, mental e social do indivíduo.”

Porém, o desencadear do estresse acaba sendo um fator movido não só pelo ambiente em que aquela pessoa está inserida, mas também da personalidade que a pessoa desenvolve desde o início da sua vida, diz a psicóloga. Tam­bém há interferência, favorável ao surgimento desta doença, a forma como o colaborador se comporta frente às situa­ções apresentadas no trabalho. Segundo Priscilla, existem pessoas propensas a desenvolverem o estresse com maior facilidade, quando comparada com outras, assim como pro­fissões que se tornam mais fatigantes.

Para que o colaborador comece a trabalhar com esse sentimento, Priscilla indica algumas táticas: “Primeiramen­te reconhecer em si próprio que o estresse gerado den­tro do trabalho está prejudicando seu cotidiano, se isso for algo que esteja afetando tanto sua produtividade quanto sua saúde, neste caso, o ideal é conversar com o gestor ou gerente responsável pelo setor e verificar quais medidas podem ser tomadas para melhorar a qualidade dentro do trabalho. Além disso, é necessário manter nosso organismo saudável e em melhores condições para enfrentar os desa­fios, mas para isso é necessário: dormir bem, cuidar da saú­de, alimentar-se de forma saudável, fazer atividades físicas, permitir-se ter momentos de prazer e relaxamento e evitar estimulantes e substâncias tóxicas”.

Esse autoconhecimento explicado pela psicóloga é im­portante para combater outros males que podem ser asso­ciados ao estresse, tais como problemas de pele, problemas cardíacos, hipertensão, ansiedade, alergias, infecções, úl­ceras, conforme diz Priscilla. Além disso, ela explica que o estresse pode levar à violência, comportamentos de risco, como o uso de tabaco, álcool e outras drogas e à Síndro­me de Burnout, resultante da constante e repetida pressão emocional associada com intenso envolvimento com pesso­as por longos períodos de tempo, explica.

Sentimento de prisão

Há pessoas que estão extremamente envolvidas com o trabalho que exercem, e têm o sentimento que nin­guém irá fazer determinado trabalho tão bem quanto elas e Priscilla explica que isso pode ser prejudicial. “Fi­car preso a um ambiente de trabalho que não corresponde às suas expectativas e demandas é bastante tóxico, tanto para sua saúde física quanto mental, podendo causar danos consideráveis tanto ao profissional quanto a carreira. Neste caso colocar no papel quais são as vantagens e desvantagens será um passo para verificar se vale a pena ficar ou não nesse emprego/profissão. É importante buscar o que faz sentido para você e qual seu propósito, quais são seus talentos, assim não ficará preso naquele trabalho”, orienta.

Nesse momento também é válido analisar se é momento de trocar de emprego ou também é hora de tro­car de profissão, e realizar algum sonho que esteja engavetado.

Chefe cansado

Os cargos de chefia, presidência e dono da empresa são bastantes desgastantes, pois exigem uma respon­sabilidade maior dentro da organização, além de conhecimento sobre gestão, organização, além da tarefa de to­mada de decisões. É importante para a equipe ter uma pessoa mentalmente saudável no comando. A psicóloga orienta que uma pessoa na posição superior que apresente esses sintomas procure reconhecer e buscar ajuda, para não atrapalhar a produção e a convivência entre os colaborado­res x gestores/diretores.

Trabalhando na prevenção

As empresas também exercem um papel fundamental para garantir uma boa saúde mental dos seus colaboradores. “Elas podem facilitar e satisfazer as necessidades do mesmo durante o desenvolvimento de suas atividades no ambiente de trabalho. Se a qualidade de vida no ambiente de trabalho for pobre pode originar insatisfação e comportamentos desa­justados (erros de desempenho, absentismo e outros). Uma elevada qualidade de vida neste ambiente conduz a um cli­ma de confiança e de respeito mútuo, no qual o indivíduo pode ativar o seu desenvolvimento psicológico e melhorar o clima entre empregado X empresa. Para garantir a qualida­de de vida no trabalho, a organização precisa preocupar-se não apenas com o ambiente físico da organização, mas tam­bém com os aspectos psicológicos e físicos de seus funcio­nários”, finaliza.

O tratamento para todos os trabalhadores, independen­te do cargo que ocupam, são a psicoterapia, práticas de re­laxamento, exercícios físicos, boa alimentação, hobby entre outros tratamentos médicos.