Outros males que podem ser associados ao estresse, tais como problemas de pele, problemas cardíacos, hipertensão, ansiedade, alergias, infecções, úlceras
Uma pesquisa feita pela Associação Internacional do Controle ao Estresse, ainda em 2017, revelou que os brasileiros são o segundo povo mais estressado no mundo, ficando atrás somente dos japoneses. Isso levou os especialistas a tratarem o estresse como um dos maus do século para os brasileiros. Um dado levantado pela pesquisa aponta ainda que o mal-estar ligado ao trabalho é o culpado pelo estresse de 70% dos brasileiros entrevistados.
A Folha conversou com a psicóloga e especialista em terapia cognitivo-comportamental, Priscilla Chervinski, que explicou que o estresse pode ser difícil de ser constatado, mas que sentimentos podem entregar essa condição. “Ele aparece através de sensações como medo, desconforto, preocupação, irritação, frustração, indignação e nervoso. Além disso, também produz alterações físicas, como coração acelerado, músculos contraídos, pressão arterial alta, respiração curta e sentidos mais nítidos. O estresse também pode desencadear várias doenças e amplo efeito negativo na saúde mental do trabalhador. Pode levar desde a violência até comportamentos de risco. O estresse no trabalho afeta não só a saúde dos profissionais, mas também a produtividade das organizações. Sendo assim, as condições de vida e de trabalho podem influenciar no bem-estar físico, mental e social do indivíduo.”
Porém, o desencadear do estresse acaba sendo um fator movido não só pelo ambiente em que aquela pessoa está inserida, mas também da personalidade que a pessoa desenvolve desde o início da sua vida, diz a psicóloga. Também há interferência, favorável ao surgimento desta doença, a forma como o colaborador se comporta frente às situações apresentadas no trabalho. Segundo Priscilla, existem pessoas propensas a desenvolverem o estresse com maior facilidade, quando comparada com outras, assim como profissões que se tornam mais fatigantes.
Para que o colaborador comece a trabalhar com esse sentimento, Priscilla indica algumas táticas: “Primeiramente reconhecer em si próprio que o estresse gerado dentro do trabalho está prejudicando seu cotidiano, se isso for algo que esteja afetando tanto sua produtividade quanto sua saúde, neste caso, o ideal é conversar com o gestor ou gerente responsável pelo setor e verificar quais medidas podem ser tomadas para melhorar a qualidade dentro do trabalho. Além disso, é necessário manter nosso organismo saudável e em melhores condições para enfrentar os desafios, mas para isso é necessário: dormir bem, cuidar da saúde, alimentar-se de forma saudável, fazer atividades físicas, permitir-se ter momentos de prazer e relaxamento e evitar estimulantes e substâncias tóxicas”.
Esse autoconhecimento explicado pela psicóloga é importante para combater outros males que podem ser associados ao estresse, tais como problemas de pele, problemas cardíacos, hipertensão, ansiedade, alergias, infecções, úlceras, conforme diz Priscilla. Além disso, ela explica que o estresse pode levar à violência, comportamentos de risco, como o uso de tabaco, álcool e outras drogas e à Síndrome de Burnout, resultante da constante e repetida pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de tempo, explica.
Sentimento de prisão
Há pessoas que estão extremamente envolvidas com o trabalho que exercem, e têm o sentimento que ninguém irá fazer determinado trabalho tão bem quanto elas e Priscilla explica que isso pode ser prejudicial. “Ficar preso a um ambiente de trabalho que não corresponde às suas expectativas e demandas é bastante tóxico, tanto para sua saúde física quanto mental, podendo causar danos consideráveis tanto ao profissional quanto a carreira. Neste caso colocar no papel quais são as vantagens e desvantagens será um passo para verificar se vale a pena ficar ou não nesse emprego/profissão. É importante buscar o que faz sentido para você e qual seu propósito, quais são seus talentos, assim não ficará preso naquele trabalho”, orienta.
Nesse momento também é válido analisar se é momento de trocar de emprego ou também é hora de trocar de profissão, e realizar algum sonho que esteja engavetado.
Chefe cansado
Os cargos de chefia, presidência e dono da empresa são bastantes desgastantes, pois exigem uma responsabilidade maior dentro da organização, além de conhecimento sobre gestão, organização, além da tarefa de tomada de decisões. É importante para a equipe ter uma pessoa mentalmente saudável no comando. A psicóloga orienta que uma pessoa na posição superior que apresente esses sintomas procure reconhecer e buscar ajuda, para não atrapalhar a produção e a convivência entre os colaboradores x gestores/diretores.
Trabalhando na prevenção
As empresas também exercem um papel fundamental para garantir uma boa saúde mental dos seus colaboradores. “Elas podem facilitar e satisfazer as necessidades do mesmo durante o desenvolvimento de suas atividades no ambiente de trabalho. Se a qualidade de vida no ambiente de trabalho for pobre pode originar insatisfação e comportamentos desajustados (erros de desempenho, absentismo e outros). Uma elevada qualidade de vida neste ambiente conduz a um clima de confiança e de respeito mútuo, no qual o indivíduo pode ativar o seu desenvolvimento psicológico e melhorar o clima entre empregado X empresa. Para garantir a qualidade de vida no trabalho, a organização precisa preocupar-se não apenas com o ambiente físico da organização, mas também com os aspectos psicológicos e físicos de seus funcionários”, finaliza.
O tratamento para todos os trabalhadores, independente do cargo que ocupam, são a psicoterapia, práticas de relaxamento, exercícios físicos, boa alimentação, hobby entre outros tratamentos médicos.