Ricardo Boechat o adeus a um dos jornalistas mais respeitados do país é o tema do editorial desta semana
Sempre com bom humor e uma análise crítica impressionante, Ricardo Boechat era um jornalista muito respeitado, por quem tinha a mesma posição ideológica ou até mesmo por quem era criticado. Isso porque sabia o que estava fazendo, tinha argumentos sólidos e uma análise bastante abrangente sobre todas as notícias. Impressionava pela sua capacidade em saber falar de todos os assuntos.
Notícias que muitas vezes ele dava em primeira mão. Pelos demais profissionais do meio, foi considerado como insubstituível, que fará uma falta tremenda para a Comunicação. Pelo seu jeito espontâneo, por suas críticas amargas e sem medo, pela sua aproximação com o público e pela sua versatilidade. Temos no Brasil excelentes jornalistas, mas fará falta a opinião declarada de Boechat, que independente do partido criticava as ações, apontava os erros e acertos. Chegava a confundir as pessoas sobre sua posição política, mas na verdade sua posição era defender o que achava correto.
Ele queria ser a voz da população e cumpria muito bem seu papel. Não à toa, foi o primeiro jornalista a conquistar o Prêmio Esso - mais importante para o Jornalismo - nas categorias de rádio, televisão e jornal impresso. Somente do Prêmio Comunique-se, ganhou 28, Troféu Imprensa e outros. Ele fazia questão de passar seu conhecimento aos outros, ministrando palestras por todo o País. Sempre disponível, divulgava até mesmo seu telefone e e-mail para contato. Gostava de estar em faculdades, em contato com novos jornalistas, a quem muito inspirou.
Declaradamente ateu, falava abertamente sobre o assunto. Com sua influência conseguiu ajudar muitas pessoas, conforme relatou sua esposa. Era pai de seis filhos, uma filha sendo com mais de 40 anos e a mais nova com dez anos, a qual ele mencionava que pela idade educaria como se fosse um avô.
Não era o maior fã das redes sociais, mas por seu lado comunicativo bem aguçado, fazia questão dele mesmo manter atualizadas suas redes virtuais de contato.
Foi sentida profundamente pelos brasileiros a morte de Boechat, aos 66 anos, quando caiu o helicóptero em que estava. Apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM, era esperado diariamente para ser ouvido, com sua voz inconfundível, informação com seriedade e bom humor. Por muitos anos foi jornalista da Globo, mas sem manter boa relação com demais veículos de comunicação e outros colegas de profissão.
Não só o meio jornalístico, mas Boechat fará falta a todos os brasileiros, que não terão o aprofundamento nas notícias como ele fazia e sua análise que estimulava todos a refletirem e buscarem mais informação.