Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 01:24:21
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População de vegetarianos aumenta e mostra que é possível viver sem carne

Aumento no número de brasileiros que se declaram vegetarianos e veganos chama atenção para o estilo de vida. Nutricionista diz que é possível ser saudável com essa escolha

População de vegetarianos aumenta e mostra que é possível viver sem carne

Levantamento feito neste ano mostrou que 14% da população brasileira se considera vegetariana.

Movidos pela busca da alimentação saudável, da saúde e também do amor aos animais, o número de vegetarianos no Brasil cresceu 75% de 2012 a 2018, algo considerado bastante expressivo. O levanta­mento foi feito pelo Ibope Inteligência, ainda neste ano, e publicado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). De acordo com a SVB, o número de vegetarianos no Brasil su­pera os números da população da Austrália e Nova Zelân­dia juntos, batendo os 30 milhões.

Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o que é ser vegetariano, outros acreditam que seguir essa dieta é pe­rigoso, questionando se o vegetariano está consumindo as vitaminas diárias. A nutricionista Cristiane Bonato explica que é perfeitamente possível ser vegetariano de uma for­ma saudável. “Primeiramente, devemos deixar claro que o vegetarianismo é uma forma menos radical, que consome alimentos apenas de origem vegetal, onde temos o que se­ria uma subdivisão, os ovolactovegetarianos, que continu­am consumindo derivados de leite, ovos, mel, entre outros alimentos. É perfeitamente possível possuir uma alimenta­ção saudável, fazendo adequação de nutrientes com o que encontramos na natureza. Existem até mesmo atletas que possuem essa ideologia, que não afeta seu rendimento, pois mantêm uma alimentação balanceada”, diz.

Entretanto, a nutricionista ressalta que nem todos os alimentos vegetarianos ou veganos são de fato saudáveis. Hoje há disponível no mercado um grande número de ali­mentos cárneos e láctos com versões vegetarianas ou veganas, como nuggets, presuntos, salgados em geral, sal­sichas, sorvetes, entre outros. Um exemplo clássico de co­mida vegetariana e vegana são as batatas fritas, que não levam produtos de origem animal, mas não são saudáveis.

Segundo Cristiane, isso aponta também para a neces­sidade do cuidado com a alimentação, mesmo que a pes­soa deixe de ter esse tipo de hábito alimentar. “Não é o fato de não comer carne que faz com que a pessoa descuide da alimentação, assim como deixar de consumir que trans­formará aquela pessoa em saudável. Exames bioquímicos são necessários para avaliar as vitaminas, minerais e outros componentes sanguíneos para todos”, ressalta.

Porém, a nutricionista ressalta que se tornar vegetaria­no ou vegano pode envolver muitas questões sociais. “Não é todo mundo que aceita essa tomada de decisão como algo positivo ou saudável, o que pode deixar as coisas um pou­co difíceis”, diz.

Dieta sem carne

Tudo depende da vontade da pessoa em se tornar ve­getariano ou vegano. Essa tomada de decisão pode acon­tecer aos poucos ou repentinamente, mas é importante buscar ajuda profissional. “O nutricionista é um instrumen­to de auxílio para o paciente nesse processo. Ele pode de­sejar amanhã parar de comer carne ou consumir derivados de animais, assim como também pode cortar aos poucos do cardápio. A consulta com o nutricionista se torna importante justamente para garantir que todos os nutrientes estão sen­do consumidos, para manter a saúde”, orienta.

Além disso, essa dieta pode ser possível também para crianças. “Existem várias crianças que são vegetarianas. Elas precisam ser acompanhadas pelo médico pediatra ou por um nutricionista e sempre estar atentos aos índices de vitaminas e minerais. A alimentação das crianças, como um todo, deve ser balanceada e muito variada, pois assim ela crescerá com saúde. Tenho paciente vegetariana, com filha pequena vegetariana, que nunca comeu carne e é extrema­mente saudável”, diz.

Se mudar de ideia

A nutricionista diz que se não se adaptar a essa dieta, o paciente pode voltar a consumir carnes e alimentos deri­vados de origem animal sem maiores problemas. De acordo com ela, deixar de consumir um alimento não faz com que alguém se torne intolerante ou alérgico a ele.

Muito além da alimentação:  veganismo é estilo de vida

Um estilo de vida com propósito bem claro: o res­peito a todos os seres vivos. Assim poderia ser defini­do o estilo de vida de um vegano. Em geral, pessoas que são adeptas a essa filosofia de vida não consomem quaisquer alimentos de origem animal, testados em ani­mais ou que sejam feitos dele (como peles e seda, por exemplo).

De acordo com o SVB, criador do Selo Vegano, pelo menos 480 produtos, de 45 marcas diferentes, já rece­beram a certificação, em sua maioria ligados ao ramo alimentício, porém com algumas representações em pro­dutos de higiene e cosméticos. A estimativa é que esse mercado cresça até 40% ao ano. No Brasil, estima-se que pelo menos sete milhões de pessoas sejam veganas.