Esse é um dos tipos de câncer que mais atingem homens e mulheres no país. Médico explica sintomas, tratamentos e grupos de risco
O câncer colorretal, também conhecido como câncer no intestino, tem despertado cada vez mais a atenção dos médicos por estar tão presente na população brasileira – é o segundo tipo de câncer que mais atinge os homens e o terceiro que mais atinge mulheres. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), estão previstos até o final de 2018 cerca de 36.360, sendo 17.380 homens e 18.980 mulheres. Em 2013, segundo dados da mesma instituição, esse tipo de câncer foi a causa da morte de 15.415, dos quais 7.387 eram homens e 8.024 eram mulheres.
O médico cirurgião oncológico Gustavo Canevari explica que essa é uma neoplasia maligna que se desenvolve no trato intestinal, principalmente no intestino grosso, que é formado pelo cólon e pelo reto. “O sintoma do câncer no intestino é muito inespecífico, mas os principais são a alteração do hábito intestinal – em que o paciente percebe que precisa ir mais ou deixa de ir ao banheiro durante o dia –, e a mudança no formato das fezes – mais pastosa, afinalada. Outro sintoma muito comum é a anemia. Esses tipos de tumores são muito comuns de acontecerem sangramentos, às vezes visível ou oculto. O paciente vai ao médico para investigar e acaba descobrindo que essa é a causa. Quando a doença está mais avançada, em que o tumor começa a crescer demais, ele pode obstruir o intestino, que provoca muita dor e cólicas intestinais. No estágio das metástases, que é quando o câncer já tomou muita proporção, o paciente pode ter sintomas do câncer em outros órgãos.”
Segundo o médico, o câncer de colorretal tem um desenvolvimento que varia de paciente para paciente, mas em geral tem uma patogenia bastante definida, que a partir do momento que se torna maligno tem uma progressão rápida, mas as lesões iniciais, que são alterações celulares chamadas de pólipo, começam a se desenvolver na região e formam um câncer em um espaço de 10 anos. Por isso é importante fazer o diagnóstico dessas lesões, que são fáceis de serem tratadas e evita a formação de um câncer. Os sintomas dos pólipos intestinais são dores abdominais, sangue nas fezes, mudança nos hábitos intestinais que duram mais de uma semana e emagrecimento sem causa aparente.
“Existem algumas pessoas que precisam ficar mais atentas, as que integram os grupos de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal, relacionado à genética e aos hábitos de vida. São fatores de risco a obesidade, dieta pobre em fibras, rica em carnes vermelhas, produtos industrializados e enlatados, tabagismo, etilismo e o sedentarismo. Pacientes que têm parentes próximos que já tiveram câncer colorretal ou síndromes que desenvolvem pólipos tem mais chances de desenvolver e precisam estar em constante investigação”, alerta.
O principal exame usado hoje para o diagnóstico é a colonoscopia, em que uma câmera é introduzida via anal para visualização do intestino grosso e a pesquisa de sangue oculto nas fezes – esse disponível nas Unidades Básicas de Saúde. O recomendado, segundo o médico, é fazer um exame de colonoscopia por ano para homens e mulheres com mais de 50 anos, para rastreamento, pacientes com fatores de risco a partir dos 40 anos, e em pacientes com predisposição genética ou com síndromes de pólipos o recomendado é a partir dos 18 anos.
O tratamento depende muito do estágio que se encontra a doença na descoberta. “Nós consideramos estágio 1 para doenças iniciais e estágio 4 para doenças que já estão disseminadas pelo corpo. O câncer de colorretal é um tipo que cura efetiva no estágio inicial e que vai diminuindo ao longo do tempo. Pode ser feito cirurgia, quimioterapia e radioterapia – doença inicial só cirurgia resolve, em um estágio mais avançado cirurgia e quimioterapia e no último estágio os três tratamentos juntos. O tempo de tratamento varia de paciente para paciente”, diz.
Câncer aumentando entre os brasileiros
O crescente número de diagnósticos de câncer no país têm cada vez mais chamado a atenção das autoridades em Saúde Pública. Atualmente, ele já é a principal causa da mortalidade em pelo menos 10% das cidades brasileiras, superando inclusive as doenças cardiovasculares, e se nenhuma medida for tomada, essa será a principal causa de morte dos brasileiros em 2030. A constatação foi feita com base em um levantamento realizado pelo Observatório de Oncologia em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), com base nos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do ano de 2015.
“Um dos principais motivos desse aumento é o envelhecimento da população. Uma grande parte dos cânceres atingem pessoas com mais de 60 anos por isso há uma maior incidência. Outro ponto é o estilo de vida, que pode comprometer a saúde da pessoa e desenvolver uma neoplasia. Hábitos como sedentarismo, obesidade, estresse do cotidiano, associado ao tabagismo e a dependência do álcool são fatores de risco. Como prevenção sempre indicamos a vida saudável – com alimentação adequada e prática de exercícios físicos com regularidade -, além de fazer exames periódicos, pois se aparecer alguma alteração, ela poderá ser contida ainda no início, com maiores chances de cura”, finaliza.