Quinta-feira às 21 de Novembro de 2024 às 04:44:01
Saúde

Odontologista alerta para riscos de clareamentos dentais caseiros

Soluções caseiras para clarear os dentes podem trazer riscos à saúde

Odontologista alerta para riscos de clareamentos dentais caseiros

Em uma busca rápida pelo Google é possível en­contrar vários vídeos de youtubers que ensinam soluções caseiras para clarear os dentes. Elas po­dem envolver carvão ativado, bicarbonato de sódio, limão, água oxigenada ou até mesmo envolvendo kits de produtos vendidos de origem duvidosa. Porém, os dentistas alertam que o uso dessas técnicas podem gerar danos graves aos dentes.

“Precisa tomar muito cuidado com esse tipo de ‘cla­reamento’. O carvão ativado, por exemplo, era usado até no Egito Antigo, mas é uma substância abrasiva, que irá desgastar a superfície. O esmalte perdido vai fazer falta no futuro, causando, com o passar do tempo, sensibilidade e dores no paciente”, a explicação é da odontologista Dinah Viesser, que completa dizendo que o único método eficaz e seguro para clareamento dos dentes acontece dentro dos consultórios dos dentistas.

Segundo ela, o tratamento eficaz e seguro é realiza­do com peróxido de carbamida e peróxido de hidrogênio. A base do clareamento é uma troca química, que acontece dentro do dente, não na parte externa. A dentista explica que esses produtos vendidos como clareadores dentais desgastam a placa bacteriana e o biofilme que estão na parte externa, fazendo com que as pessoas acreditem que está ficando mais claro.

Há dois métodos possíveis para clareamento, o uso da “plaquinha”, que é o clareamento feito em casa, usando o peróxido de carbamida e o método utilizando o peróxido de hidrogênio, popularmente conhecido como ‘clareamento a laser’. “O peróxido de carbamida é muito seguro e usado hoje pelos dentistas. Ele é usado em uma concentração mais baixa para quem vai fazer o clareamento de ‘plaqui­nha’, porém ainda assim o paciente vai sentir uma certa sensibilidade nos dentes. É um efeito comprovado, longo, porém é demorado, vai precisar de pelo menos 21 dias para poder clarear. Outra opção é com o peróxido de hidrogênio, que possui concentração três vezes maior, e deve ser fei­to no consultório. Esse produto deve ser usado com muita cautela, sempre manuseado por um profissional que saiba o que está fazendo. Se o profissional não souber manusear pode causar desde inflamações na gengiva até tratamentos de canal. Tem que ser supervisionado”, reforça.

Uma curiosidade sobre o “clareamento a laser”, escla­recido pela profissional, é que na verdade ele é feito com lâmpadas de led, que ativa o produto, pois é ele quem vai clarear os dentes. A luz funciona como um catalisador, que acelera o processo, porém sem determinar a cor. Uma das técnicas utilizadas pelos dentistas é o uso dos dois méto­dos associados, para obter resultados mais rápidos e com durabilidade.

A dentista esclarece que em alguns casos é possível re­verter usando produtos desensibilizantes, porém o esmalte perdido não pode ser recuperado. “Tenho vários pacientes que chegaram à mim reclamando de sensibilidade, e por meio da anamnese descobri que estavam usando até mes­mo pastas de dentes abrasivas”, relata.

Quem pode fazer?

É sempre o dentista que vai decidir qual dos métodos é o mais eficaz para determinado paciente, mas alguns não podem ser submetidos ao procedimento, como portadores de doenças sistêmicas, gestantes, lactantes e pessoas com muitas restaurações nos dentes. “Esse último só é feito se ela quiser trocar todas as restaurações, porque a restauração não clareia, então fica uma diferença muito grande de cores entre os dentes. Uma alternativa é clarear o dente mais escuro, para obter uma uniformidade de tons no sorriso”, aconselha.

Alguns fatores influenciam diretamente na coloração dos dentes, como a idade e alimentação, o que acaba tornando mais difícil chegar a um tom extremamente claro. “As pessoas vem nos procurar hoje querendo um tom de dente muito claro, mas cada dente tem uma cor natural, com uma saturação. Nós conseguimos alterar essa saturação deixando um amarelo escuro para um amarelo claro, porém nunca de um amarelo escuro para o chamado ‘branco zero’, que seria um superbanco. Claro que conseguimos clarear, mas alguns não vão atingir o tom que desejam”, diz.

Não existe um número limite de clareamentos que possam ser realizados por uma pessoa, geralmente o procedimento pode ser repetido a cada um ano e meio a dois anos, para manutenção. O que não pode ser feito é a utilização indiscrimi­nada da moldeira, obedecendo sempre o tratamento previsto pelo dentista, recomenda.

“Pacientes menores de 18 anos têm uma polpa (parte da anatomia do dente) muito grande e apresentam muita sensi­bilidade, então é indicado em maiores de idade”, diz.

Lentes de contato dental

“A lente de contato, como qualquer outro na Odonto­logia, que tem sua indicação. É estético, que apresenta resultados maravilhosos, porém não é para todo mundo. Hoje tem adolescentes de 15 anos que vem me procurar para fazer lente, porém esse é um tratamento irreversível, não volta mais o dente natural depois. É uma camada muito fina de porcelana que você cola em cima do dente e nunca mais tira. Pacientes que têm muitas restaura­ções, dentes com várias tonalidades são os mais indica­dos para receber esse tratamento, porém não são todos que podem receber”, orienta.

A dentista diz ainda que por ser uma camada muito fina de porcelana, dependendo do que o usuário da lente de contato come pode causar fraturas. “Odontologia não é uma ciência exata, o dentista deve explicar para o pa­ciente que pode fraturar, tem que cuidar da alimentação, quem tem bruxismo precisa usar a plaquinha para evitar problemas lá na frente. É o que tem de melhor em estéti­ca dental, mas para as pessoas certas”, finaliza.