Após polêmica do Dr. Bumbum, cirurgiã plástica orienta como escolher o melhor profissional para procedimentos estéticos.
As notícias recentes sobre mortes de pacientes que se submeteram a cirurgias estéticas e acabaram falecendo acabaram deixando a população alerta na hora de realizar esses procedimentos. Um dos casos aconteceu no Rio de Janeiro, quando o médico Denis Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, realizou procedimentos estéticos na bancária Lilian Calixto, 46, na sala da casa da mãe dele. A paciente chegou a ser encaminhada para o hospital, mas faleceu horas depois, no dia 15 de julho.
Denis utilizou um material que não tinha finalidade estética recomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ou Sociedade Brasileira de Dermatologia. O polimetilmetacrilato (PMMA) é usado para dentes artificiais, lentes intraoculares e implantes.
A Folha de Campo Largo conversou com a médica cirurgiã plástica Dra. Ísis Juliane Guarezi Nasser (CRM 24964), que explicou um pouco sobre os cuidados ao escolher um bom profissional. “É preciso pesquisar bastante sobre aquele profissional. Verificar se ele realmente cursou Medicina, qual a sua especialização e o tempo de atuação na área; no próprio site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica há instruções de quais pontos observar durante a escolha. As consultas servem para que o médico conheça o paciente e vice-versa. Devemos saber onde o paciente quer chegar e ver se conseguiremos atingir o seu desejo, por isso as consultas costumam ser minuciosas. Depois do procedimento, o acompanhamento do médico até a alta e cicatrização são imprescindíveis.”
No link http://www2.cirurgiaplastica.org.br/encontre-um-cirurgiao/#busca-cirurgiao é possível encontrar um médico que atua na região e que tenha a formação adequada para fazer cirurgias e procedimentos estéticos.
A médica relata que alguns procedimentos podem ser realizados em clínicas sem maiores problemas, mas para alguns casos, exige que a intervenção seja feita em hospital. “As clínicas onde podem ser realizados os procedimentos são equipadas com respiradores e itens de primeiros socorros, descartam material hospitalar adequadamente e são esterilizadas. Quando for realizar o procedimento em clínica, procurar saber se ela tem liberação, licenças e conhecer o local previamente. Pacientes que possuem alguma comorbidade devem passar pelo procedimento no hospital, pois o ambiente conta com mais recursos em caso de complicação”, diz a médica.
As sequelas resultantes de procedimentos mal realizados podem ser variadas, dependendo do tipo de cirurgia que o paciente foi submetido. “É variável de paciente para paciente e também de que tipo de procedimento foi feito, produto utilizado, local onde aconteceu a cirurgia. As cirurgias podem gerar danos estéticos, inflamações e infecções, dores, necrose e até mesmo a morte. Por isso o nosso alerta para que procurem bons profissionais, em clínicas adequadas, além de pesquisar o material que será utilizado. Valores abaixo do mercado devem levantar ainda mais as suspeitas”, alerta Dra. Ísis.
Nota oficial
No dia 17 de julho, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica divulgou a seguinte nota: “A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) lamenta por mais um óbito de paciente que realizou um procedimento estético com um não especialista e em local inadequado. A bancária Lilian Calixto, 46 anos, morreu no último domingo, 15, após complicações de um tratamento estético. Além de não ter formação em cirurgia plástica, o médico realizou o procedimento em sua residência, o que é proibido.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica repudia e reprova procedimentos médicos na área, realizados por não especialistas, e sobretudo nestes moldes. A crescente invasão da especialidade por não especialistas tem promovido cada vez mais casos de insucesso e fatais como este.
A SBCP disponibiliza em seu site, Facebook, e-mail ou telefone, uma consulta para saber se o médico é ou não credenciado pela Sociedade para realizar uma cirurgia plástica.
A formação do cirurgião plástico é diferenciada, uma vez uma vez que ele deve obrigatoriamente, após os 6 anos da graduação em Medicina, passar pela formação de cirurgião geral (dois anos) antes de cumprir mais três anos em cirurgia plástica, somando no mínimo 11 anos de formação.
Além disso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica tem alertado reiteradamente a população sobre os riscos dos procedimentos que envolvem PMMA. A SBCP aguarda por decisões judiciais que possam definitivamente impedir que profissionais médicos e não médicos sem especialização em cirurgia plástica realizem procedimentos sem qualificação”.