Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 05:53:34
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Águas do Rio Cambuí são monitoradas por programa do SOS Mata Atlântica

Desde 2016, as águas do Rio Cambuí são monitoradas por voluntários campo-larguenses que participam do programa Observando os Rios, promovido pela ONG brasileira SOS Mata Atlântica

Águas do Rio Cambuí são monitoradas por programa do SOS Mata Atlântica

Desde 2016, as águas do Rio Cambuí são monitoradas por voluntários campo-larguenses que participam do programa Observando os Rios, promovido pela ONG brasileira SOS Mata Atlântica. As avaliações são enviadas desde o dia 26 de outubro de 2016 e são realizadas todos os meses, sempre em um ponto determinado pelo GPS, inscrito no programa.

A idealizadora do projeto na cidade foi a campo-larguense Carla Santana Coleto, que atua na Fundação Ângelo Cretã. Ela conta que ficou sabendo que haveria implantação do projeto em Curitiba e decidiu entrar em contato para ver se a Região Metropolitana também poderia participar. “Eles aceitaram e eu participei de um curso que visava orientar todo o processo de análise. Eles vieram até Campo Largo para localizar no sistema o ponto em que seriam realizadas as análises. Nós recebemos todos os kits para a realização das análises e é tudo muito didático.”

Em geral, o Rio Cambuí é considerado Regular, mas no mês de março, abril, julho e setembro de 2017, os níveis não foram satisfatórios, recebendo essas águas a classificação de Ruim.

“Tudo é muito relativo e algumas coisas interferem a análise, fatores externos, como a presença do Sol. O interessante é que você começa de fato a perceber o rio, analisa e olha com outros olhos. Sente a diferença em um mínimo de vazamento que possa aparecer”, diz Carla.

A voluntária ressalta ainda que é interessante como o rio vem tomando forma ao longo do seu trajeto. “A nascente dele está localizada na Planta FCA Motores de Campo Largo, dentro da reserva ambiental. A água é limpa e cristalina naquela região. A medida que o rio vem para o Centro, vai ficando sujo, não somente por causa de casas, que muitas vezes possuem o esgoto irregular e soltam no rio, mas também as chuvas levam dejetos, óleo para ele, o que acaba poluindo ainda mais”, explica Carla. “As pedras possuem um papel de extrema importância ao longo dele, justamente para fazer a limpeza. A medida que a água passa, o rio vai se autolimpando, fazendo com que tenhamos diferentes avaliações sobre a mesma água em pontos diferentes”, conclui.

Durante a avaliação são levadas em consideração os seguintes critérios: horário que está sendo feita, condição climática, temperatura do ambiente, temperatura e transparência da água, presença de espumas, lixo flutuante, cheiro, material sedimentável, presença de peixes; larvas e vermes vermelhos, transparentes ou escuros; coliformes totais, oxigênio dissolvido, demanda química de oxigênio, potencial hidrogeniônico, nitrogênio amoniacal e fosfatos.

Todo o processo é feito a partir de comparações feitas da coleta com as placas disponibilizadas pela ONG. O julgamento é bastante didático e as placas acompanham explicações simples, capazes de sanar dúvidas dos voluntários. Após todos esses dados coletados – embora alguns levem alguns dias para terem a análise concluída – é feita uma somatória de pontos, que levarão à nota final.

Escoteiros no comando

A partir deste sábado (24), o Grupo de Escoteiros Eco 189 Paraná tomará a frente do projeto. Uma das líderes do grupo, Luciana Rachinski Reinke, explica que os adultos do grupo passaram por um treinamento feito pela Carla para poderem aprender como é feita a análise. “Nós aprendemos como tudo é feito, o tempo que leva, como funcionam as comparações com as placas e os critérios. Depois desse aprendizado, estamos prontos para ensinar as crianças e adolescentes que irão participar do projeto. Preferimos, por questão de segurança e também por estarem iniciando a disciplina de Química, realizar esse projeto com adolescentes de 13 a 15 anos”, diz.

Luciana ressalta a importância de estudar com as crianças sobre um dos rios mais famosos de Campo Largo. “Nossa sede fica dentro do Parque Cambuí e mudamos para lá o nosso ponto de análise. O trabalho enriquece culturalmente e também faz com que eles realmente observem o rio, principalmente por esse ser um dos principais rios da cidade. Todos precisamos desse exercício, pois temos que enxergar ele com a importância que tem, sem vê-lo como um simples canal”, acrescenta Luciana.

Cheias

Há poucas semanas, o rio sofreu uma cheia e acabou acarretando prejuízos para moradores e empresas próximas. Questionada sobre o que poderia ter causado isso, Carla disse que há algum tempo foi percebido um número maior de sedimentos na água, o que pode ter ocasionado um banco de areia. “Com o banco de areia, o rio fica mais alto. A época do ano também favorece para a cheia, pois há muitas chuvas intensas”, declara.