Que decisão acertada da Igreja Católica em trazer a violência como tema central da Campanha da Fraternidade deste ano. Principalmente para nós, que vivemos em um país marcado pelos atos violentos e os crimes hediondos, que nos arrepiam somente em ler, assistir, ou até mesmo – e infelizmente – presenciar e sentir algo do gênero.
É um tema bastante acertado porque nós, campo-larguenses, vivemos uma terrível onda de violência bem no início deste ano. Nunca antes havia sido registrado tantos homicídios em tão pouco tempo na cidade. Crimes que seguem sendo investigados pelas autoridades, mas que talvez não terão respostas satisfatórias às famílias de suas vítimas.
Segundo o Atlas da Violência, um estudo feito a partir da parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com dados de 2015 e divulgado em 2017, mostrou que no ano de levantamento destes números foram registrados em todo o país 59.080 homicídios, com um índice de 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Isso se torna ainda mais perturbador ao saber que alguns estados, especialmente no Norte e Nordeste do país, aumentaram em 100% suas taxas. Os jovens ainda são os mais atingidos. Em 2015, 31.264 pessoas, com idade entre 15 e 29 anos, acabaram sendo assassinadas.
Isso nos leva a pensar “que rumos a nossa sociedade está tomando?”. Sempre usamos o discurso que somos todos iguais, respeitar o próximo como você gostaria de ser respeitado, mas e na prática? O que estamos fazendo para melhorar?
Todos sofremos com a violência todos os dias, vivemos com medo do que pode acontecer. Se você anda a pé, tem medo de ser abordado e ser assaltado; se anda em ônibus, teme arrastões; se anda de carro, olha para todos os lugares possíveis, procurando alguma ameaça ao redor sempre que estaciona o carro ou para em um semáforo. Vivemos com medo porque sabemos que a segurança pública não é eficiente. Pouco efetivo, viaturas quebradas, equipamento insuficiente, equipe cansada, estressada ou até mesmo mal treinada.
O mais pesado em uma reflexão sobre o tema é lembrar que nós “em Cristo somos todos irmãos”. Pensar que Jesus Cristo morreu também por Barrabas, Judas, pelo Rei que ordenou que matassem Ele quando ainda era um bebê. Difícil né? Jesus morreu por eles, mas será que Jesus vive nesses corações? Quem teria coragem de matar seu próprio irmão? Fazer mal a ele? Praticar tantas violências com crianças, idosos, pessoas com deficiência, mulheres...
Há datas que acabam mexendo mais com o nosso emocional, fazendo com que nós possamos refletir mais sobre tudo o que está acontecendo ao nosso redor. A Quaresma costuma ser uma delas. Que todos, cristãos ou não, católicos ou não, passem a perceber mais suas próprias atitudes e ajude o outro a ser um ser humano melhor também. Ame o seu irmão como a ti mesmo, não julgue o seu próximo, estenda a mão, mesmo fora da época de Natal e Quaresma.