Nutricionista explica os riscos de deixar alimentos sem refrigeração no verão e dá instruções sobre como transportá-los em segurança para consumo
O armazenamento de alimentos deve receber atenção independente da época do ano. Mas, com a chegada do verão, algumas medidas podem evitar desconfortos gástricos e transtornos que podem acabar com as férias.
A nutricionista Cristiane Bonato explica que o calor da temperatura ambiente acaba propiciando a proliferação de micro-organismos nos alimentos. “O calor não age no alimento na temperatura ambiente. O que ele permite é que o meio se torne apropriado para o desenvolvimento de fungos e bactérias. A umidade do ar também interfere nesse processo, esteja ela mais alta ou mais baixa. O risco de contaminação alimentar é muito maior nessa época, se comparado ao frio, por exemplo.”
Os prazos de validade dos alimentos acabam se tornando menores nesta época do ano. “As frutas, por exemplo, em dias de temperatura mais alta faz com que as enzimas de amadurecimento sejam mais eficazes no processo, estragando com maior facilidade. As frutas do calor, são as que também têm o amadurecimento mais rápido”, explica.
Transportar alimentos durante percursos longos de viagem também deve ser elaborado com antecedência. A nutricionista explica que não se deve levar alimentos quentes para viagens longas. “Por exemplo, quer preparar uma carne para levar para praia, é preciso resfriar ou até congelar, para então transportar em uma bolsa térmica ou caixa de isopor com gelo. O período do transporte desse alimento ainda morno pode favorecer a reprodução desses micro-organismos”, diz.
A nutricionista explica que o congelamento não altera os valores nutricionais dos alimentos, no máximo pode causar uma alteração do sabor, por não ter sido feito naquele momento.
Peixes e frutos do mar
Com o verão, muitas pessoas gostam de consumir peixes e frutos do mar, que podem ser contaminados com facilidade se não armazenados ou transportados da forma correta. “Os peixes, no calor, têm uma condição muito propicia para o desenvolvimento de micro-organismos, pois eles são ricos em água e proteínas – que são alimentos adorados pelas bactérias -, então é muito fácil que os peixes ofereçam contaminação. É importante sempre manter ele refrigerado, quando for descongelar, fazer sempre próximo do tempo de preparo”, orienta.
“Consumo de peixes crus exige uma avaliação se aquele local é realmente adequado, pois o alimento pode ser contaminado por mau armazenamento, manipulação ou por contaminações cruzadas”, alerta.
Marmitas
Com um grande número de pessoas preocupadas em manter uma alimentação saudável ou preocupadas em manter uma boa saúde financeira, as marmitas estão cada vez mais em alta e também exigem certo cuidado no transporte durante o verão. “Da mesma forma, as marmitas devem estar resfriadas ou congeladas e serem transportadas em bolsas térmicas. Elas devem ser retiradas desse ambiente refrigerado somente próximo do momento de consumo, além de evitar ficar abrindo, pois se abre e deixa ela exposta, já está permitindo que os micro-organismos presentes no ambiente irem para dentro do recipiente e causarem contaminação. Busque deixar o mais isolado possível até o momento dele ser consumido”, indica.
Leites e derivados
Em altas temperaturas, alimentos derivados do leite possuem validade menor, especialmente os não-fermentados ou o leite em natura. “O leite em temperatura ambiente tende a qualhar, justamente por causa das bactérias presentes no ar. O iogurte tem durabilidade um pouco maior, pois já sofreu a ação da fermentação, então tem a validade um pouco maior”, conta.
Opções saudáveis para crianças
A temporada do verão traz consigo a vontade de consumir sorvetes, especialmente por parte das crianças. Para evitar o consumo de açúcares e corantes, a nutricionista dá dicas aos pais para fazer picolé com base de sucos de frutas. “Basta comprar forminhas de sorvetes, fazer os sucos e colocar para congelar. É possível picar pedacinhos de frutas para deixar mais atraente e saboroso o sorvete. Para substituir o açúcar refinado, há opções mais naturais, como o mel, açúcar mascavo ou caldo de cana. Não recomendamos o uso de adoçantes para crianças, salvo em situações específicas”, diz.
As frutas congeladas quando batidas também resultam em uma massa saborosa que pode ser servida como sorvete, indica a nutricionista.
Os sucos de frutas, quando não refrigerados, no calor têm validade de até uma hora. Resfriados, dependendo da fruta, podem valer de duas horas até seis horas. “Nós recomendamos o consumo de sucos o quanto antes para que não perca o valor nutricional dele. Existem vitaminas que são sensíveis à luz e a temperatura por isso podem ter duração menor. Caso queria aproveitar e fazer em grandes quantidades, já ter pré-preparado, recomendo que sejam congeladas as porções menores para não perder o valor nutricional da fruta”, orienta.
Alimentos comprados na praia
É muito comum, especialmente na praia, a presença de vendedores ambulantes com milho, pamonhas, sanduíches naturais e espetinhos a venda, mas vale lembrar que é preciso estar atento às escolhas de onde comprar. “Busque comprar de pessoas que ofereçam o mínimo de higiene possível, avaliando como ele manipula, armazena os alimentos, descarte de resíduos – que não pode ser feito junto dos alimentos que serão consumidos. É possível consumir um alimento com tranquilidade na beira da praia, desde que se tenha cuidado na escolha”, finaliza.