Com várias folhas em mãos, a Folha de Campo Largo realizou o trabalho de interlocução entre comentários feitos pelos munícipes e a diretoria do CMH, que deu esclarecimentos sobre os pontos abordados
Não é de hoje que a população faz árduos comentários sobre o atendimento no Centro Médico Hospitalar (CMH) e busca respostas para suas dúvidas e reivindicações. Com várias folhas em mãos, a Folha de Campo Largo realizou o trabalho de interlocução entre comentários feitos pelos munícipes e a diretoria do CMH, que deu esclarecimentos sobre os pontos abordados.
Responderam os questionamentos Carlos Hamilton Aguiar Rocha, diretor técnico do município, e Juliano Ardigó, médico e diretor clínico do CMH.
Entre uma das primeiras e mais questionadas, está o encaminhamento que deveria ser feito pelo CMH até hospitais que pudessem prestar um atendimento melhor ao paciente. Um leitor escreveu que as crianças deveriam ser atendidas diretamente no Hospital Infantil Waldemar Monastier e considera uma “pena que tem que passar pelo Pronto Socorro e só é encaminhado para nossos hospitais quando o quadro clínico já está quase irreversível”. Quanto a essa questão, ambos os entrevistados são contundentes na resposta, dizendo que o CMH não possui convênio com nenhum hospital, pois essa é uma determinação do próprio Ministério Público.
“Nós usamos a Central de Leitos do Estado, que indica para onde os pacientes serão enviados. Usamos o Sistema Único de Saúde, SUS, para conseguir essas vagas e isso acontece em todos os centros de emergência do Paraná. Muitas vezes não há vagas e a nossa equipe insiste em ligações pedindo que aquele paciente seja atendido o quanto antes. A Central atende por requisitos, nem sempre o paciente se encaixa nesses parâmetros e a internação fica ainda mais complicada. Pode levar horas ou até mesmo dias para sair essa vaga”, dizem.
Atendimento
Essa também é uma questão bastante levantada pelos leitores, que dizem que além da demora, precisam enfrentar colaboradores mal-humorados. Houve pessoas que disseram que os profissionais “acham que estão lá obrigados, porque não têm amor ao que fazem”, outros relatam que precisaram do atendimento e viram colaboradoras “conversando com outra mulher, falando de café e de baladas, enquanto crianças e mulher grávida esperavam para serem chamadas”. Ambos os diretores dizem que tentam prestar o atendimento mais humanizado possível e contam que os colaboradores do CMH passaram recentemente por treinamento.
Sobre o atendimento médico, hoje no quadro há quase 40 profissionais, todos formados e já com especialização em clínica geral. “Hoje nossos médicos excedem no número de atendimentos por dia aos profissionais da área médica. Eles estão sobrecarregados. Nosso tempo de espera hoje para atendimento é de no máximo duas horas, tempo inferior se comparado à Região Metropolitana de Curitiba, que chega a quatro horas. Aqui excedemos esse prazo somente em dias que há falta de profissionais, começa a aumentar a demanda e é difícil reverter a situação”, explicam.
Segundo eles, 80% dos atendimentos que acontecem no CMH deveriam ser realizados pelas Unidades Básicas de Saúde, pois ali devem ser atendidas pessoas que estão em urgência e emergência médica. “Há pessoas que procuram o CMH para trocar receita ou querem diagnóstico de um problema crônico. Essa é a função do posto de saúde. Aqui buscamos dar atenção às pessoas que estão correndo risco de morte. Não se pode tratar o CMH como um ‘fast-food’ da saúde, onde se consegue um atendimento e a solução de um problema de forma rápida”, diz Juliano Ardigó.
“Infelizmente ainda não temos cobertura de 100% do município, mas iremos investir para que isso aconteça. Com somente um centro médico fica difícil atender uma população tão grande, por isso é importante frisar que o atendimento de consultas clínicas deve ser feito dentro dos postos de saúde”, completa Carlos Rocha.
Para alguns, os profissionais que dirigem o P.S. não possuem qualificação para fazê-lo, como diz um leitor ao indicar que “muita coisa ruim ainda vai acontecer se essa política amiga continuar”. Juliano disse que ele é médico formado e especializado em Clínica Geral, não possui cargo comissionado, já que foi eleito pela junta médica para representá-los. “Mesmo os cargos de chefia exigem ao menos experiência na área da saúde para que possa assumir. É necessário saber realizar o trâmite administrativo, coordenar pessoal por escalas, por exemplo”, explica.
Pediatria
Em específico, principalmente pelos casos que acabaram sendo expostos pelas mortes das crianças, a população pede que tenham médicos pediatras para a realização do atendimento. Segundo os diretores, nem todos os médicos que trabalham lá são de fato pediatras, mas que essa não é uma exigência legal. “Médicos clínicos gerais podem atender crianças na emergência médica. Nós gostaríamos de disponibilizar esses profissionais, mas temos que providenciar primeiramente um atrativo para que eles se interessem pelo CMH e assumam as vagas quando chamados”, diz Carlos Rocha.