Estamos envoltos de uma teia de políticos que governa para si mesmos. Diante disto, em quem confiar?
Quem lembra do candidato ao governo do Estado do Paraná, Jamil Nakad, em 1998, deve ser lembrar do seu bordão que ficou famoso em todo o Brasil: “chega dos mesmos”. Ele foi candidato algumas vezes, mas sempre acabou perdendo a eleição justamente para esses “mesmos”.
O “mesmo” apresentado no editorial dessa semana é o senador Aécio Neves, afastado pelo Superior Tribunal Federal (STF), na noite do dia 26, por corrupção passiva e obstrução da Justiça. Esse “mesmo” já foi eleito para governador de Minas Gerais duas vezes, eleito uma vez ao Senado Federal e já se candidatou à Presidência da República, em 2014.
Ele é filiado ao PSDB e fazia oposição ao Governo Dilma. Agora, com Michel Temer na presidência, está dando todo o seu apoio. Temer está articulando uma operação para salvar o Aécio do afastamento do Senado Federal, junto com Romero Jucá, líder do Governo no Senado. Ambos pertencem ao PMDB, o mesmo partido do Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e que foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, e permanece preso desde então.
Percebe leitor que tudo parece uma teia? Teia essa formada pelos “mesmos”, que votamos, independente da nossa convicção esquerdista ou direitistas. Somos tidos como reféns dessa teia que governa para si mesmos.
Qual seria a renovação para 2018, já que estamos cansados “dos mesmos”? Entram em “prováveis nomes” da corrida presidencial no ano que vem Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSC-RJ), João Doria (PSDB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Joaquim Barbosa (sem partido). Dentre esses, quantos mesmos! É quase certo que virão com o mesmo papo de propostas renovadas, nova forma de governar... Entretanto há renovações, nomes frescos, mas e as ideias, e o partido? Sejamos cautelosos.
Há uma onda de partidos formados por cidadãos que estão insatisfeitos com os representantes e nunca foram candidatos a nenhum cargo eletivo, com limitação do carreirismo político, em que um representante não poderá disputar a mais de uma reeleição no mesmo cargo, e que defende a liberdade e igualdade dos cidadãos, promovendo uma filosofia mais igualitária.
O partido Novo foi criado ainda em 2011 por 181 cidadãos, de diversas áreas de atuação, de dez estados diferentes. Foi registrado em 2014 e já pode lançar candidados para as eleições de 2018. Talvez seja o novo e a quebra da corrente dos mesmos. Sim, pode ser. Mas como já dizia um dos mais influentes pensadores do mundo e criador da Ciência Política Moderna, Nicolau Maquiavel, “dê poder ao homem, e verás quem ele é”.