O Brasil inteiro assistiu, espantado, na noite de quarta-feira (02), a votação da autorização da Câmara Federal para que o STF (Superior Tribunal de Justiça) iniciasse ou não as investigações contra o presidente da República, Michel Temer, por corrupção passiva. Ganhou o presidente, com uma margem apertada, mas ganhou. Os parlamentares, em sua maioria, queriam votar a favor do prosseguimento das investigações, mas muitos votaram contra, congelando o processo até o final do mandato do presidente, dando como argumento a importância da estabilidade política e econômica do País.
Só a História vai nos contar se a maioria dos parlamentares agiu corretamente ou não. Sabe-se que há crime, há provas contundentes, mas a Lei determina que só os deputados federais poderiam dar autorização para o prosseguimento das investigações. E o Governo conseguiu maioria a seu favor, depois de muitas manobras e acertos que, de fora, o eleitor pouco sabe ou pouco entende. Temer venceu mais esta, mas existem outras “bombas” de efeito retardado, prestes a estourar, inclusive uma segunda denúncia, por obstrução de Justiça. Se vai prosperar, são outros quinhentos.
Vencida esta etapa, o Governo volta-se à sua pauta de prioridades, na Câmara e Senado, com destaque para a simplificação tributária e alterações na legislação eleitoral. Temia, o Governo, que a autorização para o STF investigar o presidente complicasse ainda mais a Economia do País.
Michel Temer ganhou um fôlego a mais para tentar implementar as reformas que podem trazer mais tranquilidade e estabilidade para o Brasil. A possível segunda denúncia contra ele, pode reunir os crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa. Ele tem cerca de dois meses para desatar mais esse nó, pois a previsão é que esta denúncia seja apresentada no STF até setembro, quando termina o mandato do atual procurador-geral Rodrigo Janot. Se tudo correr como quer o procurador, Temer poderá ter que enfrentar, em outubro, mais uma votação difícil na Câmara Federal, desta vez com um cenário econômico possivelmente mais favorável, entretanto ninguém sabe o que pode acontecer até lá.
Sobre a votação desta quarta-feira, a Imprensa e as redes sociais ainda vão falar muito, nesse final de semana e na próxima, até que os resultados do toma-lá-dá-cá sejam tornados públicos. A oposição vê fraude em alguns casos, mas essas acusações são de difícil comprovação. O certo é que esse tipo de política precisa mudar, no Brasil, porque o povo não aceita, mais, a corrupção como forma de governo.