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Opinião

Lojas estão vazias. Onde estão os consumidores?

Amargando mais de dois anos de crise, os empresários brasileiros já não sabem mais o que fazer para manter as portas das suas empresas abertas

Lojas estão vazias. Onde estão os consumidores?

Amargando mais de dois anos de crise, os empresários brasileiros já não sabem mais o que fazer para manter as portas das suas empresas abertas. A queda nas vendas, nesse período, foi vertiginosa, acumulando mais de 50% e a tendência parece se manter. A economia é uma máquina complexa, onde um pequeno parafuso mais ou menos apertado pode prejudicar o funcionamento de todas as demais engrenagens. As medidas de correção, tomadas para redução dos custos já se esgotaram, chegaram ao limite, e o corte da folha de pagamentos se tornou a única alternativa possível, dolorosa, mas necessária para manter o negócio funcionando.

Desde a hiperinflação pré-plano Real, há mais de 23 anos, esta talvez seja a mais profunda e demorada crise enfrentada pelo País. Só a esperança por dias melhores ou talvez a teimosia expliquem a permanência no negócio, de muitos empresários, mesmo com prejuízos. A inflação em queda, pela redução do consumo, não é interessante para a Economia. O consumidor precisa voltar a consumir, porque só assim o Mercado reagirá, os investidores voltarão a apostar na recuperação do prejuízo dos últimos anos.

Uma conversa recente, entre empresários da cidade, a origem e os rumos do atual momento que o País atravessa foi o assunto em pauta. Durante muito tempo todos falaram dos problemas enfrentados no dia-a-dia, das semanas a fio nas quais nenhum consumidor entrava na loja, dos preços que estão caindo, com redução das margens de lucro para tentar vender alguma coisa, dos descontos, das liquidações, tudo parece comum, todos enfrentam a mesma realidade. Chegou-se à conclusão de que a crise econômica, resultado da crise política, deve continuar presente enquanto o País não definir a permanência ou não do atual Governo. É como se o consumidor estivesse hibernando, num Inverno frio e prolongado à espera de uma Primavera que nunca chega.

O País, segundo os empresários, está pronto para crescer, bastando que o Governo seja permanente, que não paire sobre os governantes nenhuma suspeita de corrupção ou de crime de qualquer natureza. O Mercado, segundo eles, quer tranquilidade, o investidor quer segurança e o consumidor quer preços baixos e a certeza de que, no mês seguinte, continuará empregado, receberá o seu salário e terá condições de pagar as suas dívidas sem perder o sono. Porque ninguém consome roupas, calçados, eletrodomésticos, automóveis e outros bens, se não tiver a certeza, a segurança, de que não faltará sobre a mesa, o alimento da família, o leite das crianças.