A população brasileira ficou indignada com a libertação de José Dirceu, pelo Superior Tribunal Federal. Condenado em primeira instância como um dos principais articuladores do esquema de corrupção que alimentou as campanhas petistas desde a primeira eleição de Lula, Dirceu permanecia preso por decisão do juiz Sérgio Moro, que enxergou, no político, perigo de fuga, de destruição de provas ou de ameaça aos denunciantes.
Recorrer ao STF era uma das prerrogativas da defesa de Dirceu, mas ninguém imaginaria que um ministro daquela Corte iria decidir o assunto, praticamente sozinho, num voto de Minerva, numa turma. Esperava-se, sim, que o assunto fosse encaminhado ao Plenário, onde todos os ministros têm voz e voto.
Dizem, os experts, que a liberdade de Dirceu não reduz a força da Operação Lava Jato, e que ele deve voltar à prisão, em breve, principalmente porque sua condenação, nas demais ações que tramitam na Justiça, são certas.
Mas a decisão do ministro do STF deixou no ar, no seio da população, uma grande indignação. Parece que nossa última esperança de passar o Brasil a limpo, através da Justiça, ficou mais longe, mais difícil. Mas não é isso. Dirceu tinham o direito de pedir a liberdade, para esperar em casa o resultado da apelação da sua sentença em segunda instância. É isso que a Lei lhe faculta.
Existem outros presos, com condenação em primeira instância, por crime de muito menor gravidade, entretanto, que não ganharam liberdade. Seus processo nunca chegaram ao STF, até porque não têm recursos para isso. Dirceu tem. Dá para se concluir que a Justiça é mais justa para quem tem recursos para contratar defensores que vão até as últimas consequências para fazer valer seus direitos. Não é bem assim. Devemos confiar na Justiça, mesmo que, em alguns momentos, sejamos contrariados em nossos pontos de vista, em nossa noção de justiça. Devemos confiar na Justiça, porque ela é o último guardião da nossa Constituição, dos nosso Direito. E foi na Lei que Dirceu se abrigou, para pedir para sair da cadeia e ir esperar em casa, o pronunciamento do segundo nível da Justiça, sobre sua condenação.
Temos que nos resignar. Os corruptos, que dilapidaram os nosso recursos, a riqueza que o Brasil acumulou nos últimos 20, 30 anos, vão ter que devolver cada centavo que roubaram. Eles não terão vida fácil, não conseguirão usufruir da fortuna roubada, mesmo que a tenham escondido no exterior. A Justiça, no fim, vai prevalecer e o povo brasileiro será vencedor.