Maio chegou e com ele a intensificação das campanhas por um trânsito mais seguro. O Maio Amarelo já é comemorado desde 2011, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas decretou o período de 2011 até 2020 como a “Década de Ações Para o Trânsito Seguro”, com a intenção de diminuir os números de acidentes fatais ou que geram sequelas graves.
O Brasil ocupa hoje a quinta posição no ranking dos países com maior incidência de morte no trânsito, ficando atrás apenas da Índia, China, Estados Unidos e Rússia. Em 2015, dado do último levantamento geral, segundo o Ministério da Saúde, 37.306 pessoas morreram em acidentes de trânsito e 204 mil ficaram feridas.
No mesmo ano, o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) pagou mais de 42 mil indenizações por morte e quase 516 mil pessoas receberam amparo por invalidez. O valor pago pelo DPVAT às famílias que perdem seus entes em acidentes é de R$ 13.500. Já para aquelas que sobreviveram é paga a quantia de R$ 2.700 para despesas médicas com exames e sessões de Fisioterapia, quando necessário.
Segundo o fisioterapeuta ortopédico e traumatológico Murilo Quimelli, o atendimento a uma vítima de acidente de trânsito se divide em três etapas, primeiramente são feitos os procedimentos de urgência, que avaliam a situação do paciente, após isso o paciente é estabilizado e se necessário irá fazer cirurgias, e o terceiro momento corresponde à recuperação.
“A parte que toca à Fisioterapia em específico se divide em sequelas ou traumas no crânio, fraturas nos membros inferiores, fraturas nos membros superiores, coluna e bacia. Muitas vezes o nosso trabalho começa ajudando na recuperação quando o paciente ainda está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), fazendo a higiene pulmonar que garante uma boa oxigenação, sem levar a complicações mais graves, os movimentos articulares para a prevenção da trombose e o aumento da circulação e evitar escarras”, explica.
Em algumas situações, o acidentado precisa reaprender movimentos ou aprender a administrar um novo estilo de vida. “Por exemplo, uma pessoa sofre um acidente e é preciso amputar a sua perna. Ela irá precisar aprender a viver em uma situação que antes não era comum a ela. Com a Fisioterapia ela pode evoluir para o uso de uma prótese, terá um tempo de adaptação. A prótese precisa de manutenção e trocar a cada período de tempo, o que vai exigir um novo período de adaptação que o profissional fisioterapeuta irá auxiliar”, conta.
O processo de Fisioterapia não deve ser pulado ou deixado de lado porque é um momento crucial na recuperação. Quimelli explica que as indicações para sessões de fisioterapias até três vezes por dia ou com longa duração ajudam muito no processo. “O ganho da recuperação é muito pequeno, então você tem que fazer aquele ganho pela manhã, o paciente descansa e é dada mais uma informação para o corpo dele à tarde. E à noite o paciente tem que fazer novamente, com a ajuda da família, para a manutenção. Caso isso não aconteça, vai atrofiando, as estruturas vão consolidando daquela forma, vão criando fibroses e aderências da cicatriz cirúrgica, do calo ósseo, do imobilizador ou da posição viciada e isso traz prejuízo, porque algo que poderia chegar perto da normalidade com o trabalho intensivo do fisioterapeuta não acontece nada, o paciente vai ter uma regressão no tratamento”, completa.
Dr. Murilo Quimelli é membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-Ortopédica (Abrafito) e já participou de vários congressos sobre o assunto, além do tempo de profissão, que permitiu que ele conhecesse muitos pacientes acidentados que se recuperaram porque levaram com seriedade o tratamento. “Já tive um paciente que sofreu um acidente que literalmente esmagou suas duas pernas. Disseram que seria difícil ele voltar a andar. Hoje ele joga até futebol”, relembra. “Fisioterapeuta é amigo do paciente, ele tem que confiar no nosso trabalho para um bom resultado e nós precisamos que ele leve o tratamento a sério. Dessa forma é possível amenizar algumas intercorrências da vida”, finaliza.
Consciência sempre
“O seu maior bem é você. Sua família, sua casa, seu trabalho, tudo está estruturado se você estiver bem, por isso é muito importante ter consciência no trânsito. Falo como profissional da saúde e também como motorista e motociclista, você deve sair de casa sempre precavido, preparado para qualquer situação. É importante manter a educação e respeitar as regras de trânsito e pensar mais no seu próximo”, orienta.