Quinta-feira às 21 de Novembro de 2024 às 10:35:54
Saúde

Abril é o mês dedicado à conscientização do Autismo

Abril é o mês dedicado à conscientização do Autismo

A inclusão ainda é um desafio para a sociedade. Há duas semanas uma mãe veio até a Redação da Folha relatar que seu filho, autista, de apenas 08 anos, enfrentou problemas de exclusão na escola, inclusive dos professores, pois não acompanhava o ritmo dos demais alunos.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um déficit que interfere na comunicação, interação social e comportamental do indivíduo. Ainda que tenha uma proporção ampla na população brasileira - segundo estimativa da Center of Deseases Control and Prevention (CDC) uma a cada 110 pessoas apresenta o transtorno -, o assunto ainda carece de atenção e divulgação.

Na tentativa de incluir o Autismo nas pautas e promover maior inclusão das pessoas que têm o transtorno, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 02 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

É importante ressaltar que todos têm direito respeito e ao ensino de qualidade, independente das suas particularidades. Segundo a psicopedagoga Joyce Mendes, o primeiro obstáculo é tornar o conhecimento sobre o TEA mais amplo, no sentido de todos conseguirem reconhecer. “Para uma inclusão eficaz é necessário difundir maior demanda de informações e orientações a todos os agentes envolvidos junto à criança. Primeiramente é fundamental o encaminhamento da criança para os setores de saúde infantil para que se possa contar com um acompanhamento eficaz e de diagnóstico precoce e confiável de especialistas da área, com intervenções necessárias. Na escola o peso ainda é maior, devido às novas legislações educacionais que exigem o processo de inclusão, contando com o suporte necessário de atendimento”, orienta.

Joyce ainda explica que muitas vezes várias crianças apresentem o mesmo transtorno, porém cada uma delas reage e administra a sua condição de uma forma, portanto é sempre importante dar espaço e ser flexível às percepções e respostas delas. “O ideal é procurar uma instituição em que a equipe seja acolhedora e principalmente habilitada para o atendimento de inclusão, seja ela no caso do Autismo ou outras necessidades, pois muitas vezes por falta de conhecimento dos que lhe atendem, a criança acaba sofrendo preconceito, seu atendimento não ocorre de maneira eficaz, e o que se acaba por ver é a exclusão. Outra dica muito importante e primordial para a extensão do atendimento escolar é o suporte de especialistas capacitados nas diversas áreas de apoio para a estimulação da criança Autista, como neurologistas, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros que se fizerem necessários”, explica.

Sintomas
Segundo a psicopedagoga Joyce Mendes, o TEA pode ser classificado em três categorias, dependendo da intensidade da deficiência intelectual apresentada pela criança, variando entre leve, moderado ou severo. “Os sintomas costumam se apresentar antes dos 03 anos de idade, sendo mais comum em pacientes dos sexo masculino. Apesar das pesquisas em andamento, atualmente ainda não foram identificados marcadores biológicos e exames específicos para a detecção do Autismo, porém alguns exames podem identificar doenças que podem estar associadas ao TEA.”

A lista de sintomas e características do Autismo é bastante extensa. Entre os principais sintomas que devem deixar pais e professores atentos estão o prejuízo nos aspectos relacionados à interação social, dificuldade na comunicação verbal e não verbal, dificuldade de manter relações sociais por muito tempo e preferência em se manter isolado, dificuldade com alterações de rotina e preferência por seguir rituais para as atividades diárias, capacidade reduzida de imaginação, fantasia e criatividade; não compreendem o contexto de metáfora, geralmente não gostam de muito contato físico, mas apreciam contato com animais, têm sensibilidade a ambientes ruidosos, às vezes parecem não estar ouvindo quando chamado.

O Autismo não tem cura e também não é adquirido ao longo da vida. Muito se fala sobre crianças com o transtorno, porém, quando elas crescem, é preciso enfrentar os desafios da vida adulta. “Alguns pacientes autistas adultos possuem sucesso na vida profissional, acadêmica e pessoal e chegam até a constituir família e ter filhos, mas no decorrer da vida é preciso enfrentar vários desafios e manter acompanhamentos terapêuticos que lhe auxiliem a lidar com determinadas dificuldades”, diz Joyce. Algumas personalidades têm ou tiveram o transtorno e são conhecidas pela excelência do seu trabalho, como Bill Gates, Lionel Messi, Albert Einsten e Isaac Newton.
Síndrome de Asperger

A Síndrome de Asperger também faz parte dos transtornos que trazem alterações na sociabilidade, comunicação e interesses restritos. “Se assimila com o Autismo, variando numa intensidade mais branda. No entanto na análise diagnóstica é importante observar alguns diferenciais, como ela não ser reconhecida antes do terceiro ano de vida, a fala é desenvolvida na idade normal, apenas posteriormente percebe-se traços de inversão pronominal e linguagem repetitiva, falhas ao entender regras que controlam a conduta social, possuem preocupações excessivas com situações pouco relevantes, mas ela conseguirá manter um bom convívio social através de conduções previsíveis de organização e rotina”, finaliza Joyce.