Trabalhadores de Campo Largo representam o Brasil em Detroit. A reunião dos trabalhadores do grupo FCA teve como principal objetivo apresentar os dados relativos à produção de cada país.
Após ver de perto uma realidade totalmente diferente, dois dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo retornam ao Brasil com novas perspectivas. “O sistema deles, de reconhecimento e participação da atividade sindical, inclui até a participação dos trabalhadores na gestão da empresa. Isso foi o que mais me chamou a atenção”, revela Adriano Carlesso, presidente do Sindimovec, que, ao lado de Ademir Kopsch, também do Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo, e Hermes Luiz da Silva, trabalhador da Jeep, Grupo FCA – planta em Goiana (Pernambuco), representaram o Brasil em Detroit, Michigan.
A reunião dos trabalhadores do grupo FCA teve como principal objetivo apresentar os dados relativos à produção de cada país. Além do Brasil, participaram do evento representantes da Argentina, Itália, Bélgica, Estados Unidos da América, França e Polônia. “No Brasil, se juntarmos as vendas da Fiat e Jeep, o Grupo FCA ocupa a liderança isolada em vendas de automóveis”, explica Carlesso, que foi o responsável pela apresentação dos resultados da indústria brasileira em território americano. O evento aconteceu nos dias 14 e 15 de março. No dia 16, ainda em Detroit, os trabalhadores conheceram a fábrica do Grupo FCA Jefferson North.
Relacionamento: de acordo com os dirigentes do Sindimovec, um dos pontos positivos foi a questão do relacionamento entre trabalhadores e empresa. Glenn Shagena (Diretor Geral de Recursos Humanos do Grupo FCA no NAFTA – Tratado Norte Americano de Livre Comércio entre Canadá, Estados Unidos da América e México), enfatizou, durante o evento, que é de extrema importância o bom relacionamento da empresa com o sindicato dos trabalhadores. “A participação do Glenn no evento pode ser entendida como um reconhecimento da Rede Internacional de Trabalhadores do Grupo FCA”, aponta Carlesso.
WCM (World Class Manufacturing): o WCM é a ferramenta de gestão do Grupo FCA no mundo. Para Carlesso, “o centro de treinamento, em Detroit, é administrado numa parceria entre sindicato e empresa. Ou seja, o sindicato tem uma participação importantíssima no desenvolvimento destes mecanismos”.
De acordo com os representantes do Sindimovec, é essencial para a saúde de uma organização, como o Grupo FCA, reconhecer a importância dos seus trabalhadores. Os dirigentes afirmam que o WCM é um exemplo de integração que colaborou para a reconstrução de Detroit, cidade quase destruída economicamente na crise de 2008 nos EUA.
Filiação: outra questão é a participação dos trabalhadores na vida sindical. Hoje, o número de filiados na planta do Grupo FCA é de 90%, diferente do contexto geral norte-americano, em que o número sindicalizados é de aproximadamente 7%. Já no Brasil, “não existe essa adesão, é mais uma relação de luta entre as partes. A fábrica da Fiat em Campo Largo, por exemplo, tem 450 trabalhadores, desses, apenas 22 são filiados”, revela Ademir.
Na unidade da Fiat em Betim (MG), com aproximadamente 16 mil trabalhadores, há pouco mais de 150 filiados e na unidade da Jeep, em Pernambuco, com mais de 4 mil funcionários, há apenas um! Kopsch completa explicando que “aqui no Brasil não se reconhece o sindicato como ator social, com a sua devida importância e relevância”.
A partir de agora, os dirigentes querem se mobilizar e unir os trabalhadores. “Precisamos de união, mais do que tudo. Se quisermos mudar nossa realidade, é preciso ter esse entendimento. A luta sindical passa pela reconstrução do relacionamento entre sindicatos e empresas, com respeito e incentivo a filiação”, conclui Adriano Carlesso, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo.