“Fortalecer a relação conjugal é primordial. Pai e mãe, esposo e esposa, precisam estar em sintonia, falando a mesma língua, defendendo os mesmos princípios e valores para que a criança sinta co
Educar crianças é a missão mais difícil atribuída aos pais. A base que ela recebe em casa irá refletir na construção da sua personalidade no futuro e também em como ela se comportará frente aos desafios no mundo.
A psicóloga Valdirene Razera explica que é bem importante os pais se prepararem para a chegada de uma criança com leituras, alguns até fazem cursos, mas o mais importante é o amor e o respeito que deve estar envolto ao lar. “Fortalecer a relação conjugal é primordial. Pai e mãe, esposo e esposa, precisam estar em sintonia, falando a mesma língua, defendendo os mesmos princípios e valores para que a criança sinta consistência e verdade no discurso dos pais. Sabe-se também que quando o casal se ama, demonstram o amor um ao outro, esse amor reflete nos filhos trazendo segurança, paz e harmonia.”
O mesmo princípio vale para pais divorciados. “No caso de pais separados, sempre importante valorizar o que o outro faz como pai ou como mãe. Lembrem-se que as desavenças de casal não podem interferir na imagem que o filho tem da mãe ou do pai. Tem pessoas que não conseguem ser tão bons esposos ou esposas, mas que conseguem ser excelentes no papel de pai ou mãe”, diz.
A implantação de uma rotina também é importante para criar uma criança organizada e responsável, comprometida com seus interesses. “É necessário definir valores pessoais que devem ser cumpridos na sua casa. Um grupo de pessoas precisa de regras claras para que se possa viver em comunidade. Regras de boa convivência, de respeito, de higiene, de educação, de religião, de organização. A criança precisa ouvir dos pais o que é certo, errado, bonito, feio, aceitável, não aceitável, verdade, mentira. O que a criança vai fazer com isso depois na vida adulta é escolha dela, mas os pais precisam dar uma referência, uma linha pra ser seguida. Se eu não tenho uma referência pra seguir, fica difícil até pra comparar, refletir, avaliar as coisas na vida adulta”, orienta.
Mimos e birras
A convivência entre as crianças e os avós, tios, padrinhos, madrinhas e pessoas próximas é quase sempre cercada de mimos. A psicóloga conta que a queixa dos mimos por parte dos pais é bastante recorrente dentro do consultório, mas para isso, a resposta dela é de deixar as coisas como estão. “Não existe influência maior na vida de uma criança que pai e mãe. Não existe outra pessoa com mais autoridade, com maior poder do que eles. Quando se está na casa da avó, por exemplo, quem vai dar as coordenadas é a avó. Se a avó permitir, tranquilo, pois estas são as regras na casa da avó. Mas em casa isso pode ser conversado com a criança demonstrando o que os pais pensam sobre aquele comportamento indesejado”, recomenda.
Valdirene também aproveita para chamar a atenção dos responsáveis pelos mimos às crianças. “Nunca desautorizem um pai e uma mãe. Assim, de maneira respeitosa, conseguimos mostrar para as crianças que os pais têm a figura de maior autoridade, pois essa é a ordem natural das coisas”, diz.
Já as “birras” e “manhas” que as crianças fazem são comportamentos naturais da infância, pois muitas vezes essa é a forma que a criança encontra de ser atendida ou notada pelos pais. “É uma resposta espontânea da criança que reage quando ouve a palavra não. Precisamos pensar que a criança nesta idade não se comunica direito, então ela chora, chora muito, porque pensa que não está sendo compreendida. É preciso demonstrar para a criança que entendeu o que ela queria. Outro ponto pra evitar birra é comunicar a criança antes de chegar no lugar programado. Desta maneira a criança vai ganhando segurança, sabendo aonde vai e como deve se comportar para agradar e ser aceita no grupo”, aconselha.
A chegada do irmãozinho
Outro ponto que sempre enche os pais de dúvidas é a chegada do irmão mais novo, mas para isso não existem segredos, diz a psicóloga. “É normal e natural que os filhos mais velhos reajam ao novo que chega. O importante é sempre deixar claro que ninguém toma o lugar de ninguém. É comum ouvir adultos falando para as crianças ‘agora você perdeu o colo’. Esse comentário que agride e fere a criança maior, pode ser remediado pelos pais, quando reforçam a importância da criança para a família e a inclui na rotina do bebê. Vale lembrar que a vinda do irmão não é traumático, mas também uma boa maneira de apresentar a criança de que no mundo nem sempre somos a prioridade, os melhores, o primeiro lugar, mas sim que este é um lugar para dividir, compartilhar, aceitar e amar”, finaliza.