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Opinião

Minério de Campo Largo enriquece os vizinhos

Minério de Campo Largo enriquece os vizinhos

25/11/2016

As riquezas minerais de Campo Largo são conhecidas desde o período da colonização. Os primeiros habitantes brancos da região eram garimpeiros, que aqui chegaram atraídos pela grande quantidade de ouro que brotava nos nossos rios e córregos. O Município é um dos maiores produtores desse minério, no País. Lideramos, no Estado, a arrecadação de ICMS de produtos minerais (40,7%), em especial por congregarmos a maior produtora de água mineral no Estado, única substância minerada e envasada para venda diretamente ao consumidor, com incidência do imposto diretamente sobre o produto final.

Temos, ainda, a única empresa mineradora de ouro do Estado, com presença de prata como subproduto. No total, o Município produz 16 substâncias minerais: água, areia, argila, basalto, calcário, dolomito, caulin, feldspato, filito, gnaisse, granito, migmatito, ouro, prata, quartzito e saibro. Mas fora a água, muito pouco dessa riqueza fica aqui, são matérias-primas que acabam sendo industrializadas em outros municípios, em outros estados. É assim, por exemplo, com o calcário, que é extraído às toneladas, do lado de cá, e viram cimento alguns metros depois da divisa com Balsa Nova. O ICMS gerado pela produção de cimento, naturalmente, vai para os cofres do Município vizinho.

Ocorre que, mais uma vez, corremos o risco de ver nossas riquezas minerais seres industrializadas ali ao lado, depois da “cerca”, na casa do vizinho, o município de Ponta Grossa. Parte importante da jazida de matéria-prima que a empresa Brennand vai explorar, na região de São Silvestre, é campo-larguense, mas aqui possivelmente vai ficar só o ICMS da extração mineral, porque o grosso do imposto, que será gerado com a industrialização desse minério, certamente irá para os cofres de Ponta Grossa.

Vamos ganhar alguma coisa? Vamos, é certo: empregos, estradas, talvez ampliação de escolas, de postos de saúde, mais população, água, luz, esgoto, telefone, estradas, mas poderia ser mais, muito mais. Vamos continuar olhando as chaminés da indústria do vizinho, como a Itambé, do lado de lá da divisa, vamos respirar a poluição produzida pelas chaminés, mas vamos ficar sem a maior parte do dinheiro. Por isso temos que fazer barulho, temos que gritar, reivindicar, chamar a atenção dos governos porque, afinal, nóa estamos dando muito de nós, do que é nosso, e merecemos ter, de retorno, pelo menos uma boa parte de toda esta riqueza que a Natureza nos proporcionou.