Para uma professora, que tem uma visão crítica do movimento, “houve uma ruptura na sequência do processo ensino/aprendizagem, ficou o trauma, ficará uma cicatriz de difícil tratamento".
07/11/2016
Nesta quinta-feira (03), quase um mês depois do início das ocupações, ainda permaneciam ocupados quatro colégios estaduais em Campo Largo. As aulas, nestas escolas, continuam suspensas e os estudantes, em geral, são os mais prejudicados. Sem aulas os alunos destas quatro unidades correm o risco de perderem o ano letivo ou de terem que frequentar as salas de aula durante o período que seria de férias, dezembro e janeiro. É possível que, por causa das ocupações, o ano letivo de 2016 só termine em fevereiro de 2017.
Que movimento é este que, em defesa da manutenção do atual modelo de ensino fere, primeiramente, o estudante, a quem diz querer proteger? É preciso que as autoridades, Ministério Público e Justiça, identifiquem e punam, no rigor da Lei, os verdadeiros responsáveis por esta situação que, mesmo sem o apoio da maioria dos estudantes e seus pais, persistem, em manter algumas das nossas principais escolas interditadas. Os estudantes, que não poderão realizar as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste final de semana, devido à ocupação da sua escola, podem perder muito, talvez até a realização de um sonho, o de ingressar numa faculdade pública.
Para a grande maioria dos estudantes cujas escolas permanecem ocupadas, as perdas já consolidadas até agora são irreparáveis. Perdem imediatamente os estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, pelas questões de vestibular e o sonho de entrar para a faculdade, mas perdem também os estudantes das séries anteriores, que precisarão repor as aulas, geralmente em situação precária.
Uma professora, indignada com a situação, disse aos pais de alunos de uma das escolas ocupadas que, “quando as aulas forem reiniciadas, nós vamos fazer de conta que damos o conteúdo; os estudantes vão fazer de conta que aprendem, e todo mundo vai fazer de conta que tudo voltou ao normal, que não houve prejuízo. Mas esse prejuízo é irreparável, nenhuma reposição de aulas vai repor 100% do conteúdo que as crianças e jovens teriam, sem as paralisações”.
Para aquela professora, que tem uma visão crítica do movimento, “houve uma ruptura na sequência do processo ensino/aprendizagem, ficou o trauma, ficará uma cicatriz de difícil tratamento. O aluno que perde a sequência do processo terá, em algum momento da sua vida acadêmica, dificuldades devido à falha que está ocorrendo nesse momento. Ele não terá uma resposta para uma determinada questão, simplesmente porque, para cumprir a reposição, o professor terá que apertar o conteúdo, passar superficialmente por alguma questão”.