Relacionamento entre pais e filhos deve ser intensificado na adolescência.
08/08/16
A chegada dos filhos na adolescência pode deixar muitos pais perdidos sobre a forma como agir e tratar de determinados assuntos, que muitas vezes são tabus na sociedade. Porém, nessa fase que o diálogo aberto e a amizade natural entre pais e filhos devem estar ainda mais presentes, para que os jovens possam atravessar essa fase de mudanças com maior segurança.
A psicóloga Elenice Bonato Radulski explica que essas mudanças são provenientes do início do amadurecimento e hormônios à flor da pele. “Nessa fase, os jovens buscam referências de adultos, dentro e fora de casa. As meninas começam a usar maquiagem, fazer as unhas, compram roupas mais adultas. Já os meninos começam pela personalidade, que tende a ficar mais marcante e, na maioria, saem do seio familiar em busca dessa identificação.”
Ela destaca que existe uma amizade natural entre pais e filhos, proveniente de um bom relacionamento entre eles ainda na infância, mas que não pode ser confundida e deve sempre ser acompanhada da autoridade do pai sobre o filho. “Os pais são a lei da casa. Mesmo depois de grandes, os filhos devem ter em mente que eles têm a obrigação de dar satisfações sobre onde vão, com quem vão, que horas voltam. Uma vez que essa autoridade é perdida ou não utilizada, tanto pais como filhos perdem a confiança um no outro”.
A confiança e a sinceridade são dois dos pilares de sustentação de qualquer relacionamento, em casa isso não pode ser diferente. “Em casa não pode ter espaço para mentiras ou apenas negações sem justificativas. Os pais devem conhecer os amigos dos seus filhos, e se, por acaso, não julgar aquela amizade boa para o filho deve ser sincero, dizer o porquê, sem simplesmente proibir o relacionamento. Assim, o adolescente irá compreender e se afastar”, explica.
Porém, autoridade demais é prejudicial à formação de uma pessoa. “Todos têm direito à liberdade, a ter o seu espaço. Quando proíbe demais começam as mentiras para burlar esse autoritarismo. Além disso, ele está sempre acompanhado do medo dos pais, que também é um inimigo na relação”, diz.
“Pais permissivos demais são um problema. Um adolescente precisa aprender que para tudo na vida existe limites. O que eu sempre aconselho é que todas as partes conversem e estabeleçam esses limites”, orienta Elenice.
Segundo a psicóloga, para que essa liberdade exista ela deve ser condicionada. Os pais ou responsáveis pelo adolescente devem impor regras e limites para essa liberdade, que vão desde o uso da internet e redes sociais até horário para chegar em casa. Quando ele desobedece, deve estar ciente que isso irá gerar uma consequência. As punições não podem ser agressivas demais, mas devem fazê-lo sentir por aquele erro que cometeu.
Quanto a organização do quarto e ajuda em casa, a psicóloga dá uma dica. “Quarto desorganizado é sinal de cabeça desorganizada. Os pais podem contribuir com os filhos ajudando-os e oferecendo conselhos. Muitas vezes, essa desorganização, que em usa maioria é normal, pode ser resultado de uma desorientação quanto aos sentimentos”, diz.
Mudanças
Outro ponto abordado é quanto a condição psicológica do adolescente. Muitas vezes, ele pode estar com problemas de relacionamento dentro do seu círculo de amigos e não saber como contar ou procurar ajuda. “A adolescência, por ser uma fase de mudanças, faz com que fiquem evidentes características corporais e essas estimulem o bullying, que é o ato de discriminar aquele que é diferente. Os pais devem estar atentos às mudanças de comportamento do jovem e buscar ajuda quando necessário”, aconselha.
Entre essas mudanças estão a tristeza sempre presente, mudanças de comportamento repentinas, excesso de rebeldia, ficar muito tempo trancado no quarto, emagrecimento ou ganho de peso – que podem ser provenientes de transtornos alimentares – e notas baixas. Caso sejam notadas, os pais devem ter uma conversa franca com o adolescente para saber o que está acontecendo; se os pais avaliarem que a situação está saindo do seu controle, podem buscar ajuda especializada.
Primeiro amor
Nessa fase começam os primeiros contatos com o amor. Os pais devem orientar sobre o relacionamento, tanto as meninas, que sempre são alvo de maior preocupação, como os meninos. “Eles devem saber que os pais estão lá para dividir experiências, orientar sobre como agir nos encontros. Os pais também devem estar abertos para falar desde o primeiro beijo até sobre a sexualidade, embora o adolescente ainda seja imaturo demais para ter relações sexuais”, aconselha Elenice.
O homossexualismo é um assunto que deve ser tratado quando os pais percebem que o jovem possui traços dessa personalidade. “Os pais não devem encarar o homossexualismo como um desvio de personalidade, ou uma atitude promiscua, porque não é. Ele deve abraçar o jovem, respeitá-lo e acolhê-lo, pois isso é uma característica dele. A aceitação dos pais pode ser crucial na felicidade do filho”, orienta.