Mudanças climáticas podem interferir na saúde da população. Otorrinolaringologista dá orientações e fala sobre as doenças bacterianas e virais.
12/04/2016
Pela manhã frio, pela tarde calor, à noite frio novamente. A cidade de Campo Largo está localizada em uma região onde o clima é instável e vive-se uma mudança constante na temperatura, em especial nas estações mais frias como o outono e o inverno. Essa alteração pode trazer muitos malefícios à saúde, em especial nas crianças, idosos, gestantes e também em pessoas com algum tipo de alergia crônica – como bronquites, sinusites e rinites.
O médico otorrinolaringologista Rafael Ferri Martins conta que as doenças mais comuns são as bacterianas e as virais, ocasionadas principalmente pelo acúmulo de pessoas em um mesmo ambiente sem ventilação. “Os principais hábitos para manter a saúde em dia, mesmo no inverno, são lavar muito bem e com frequencia as mãos, usar álcool gel nas mãos, manter ambientes ventilados e evitar o contato com outras pessoas quando a gente tá doente”, recomenda.
Os quadros de doenças mais comuns nessa época do ano são gripes e resfriados, que muitas vezes são confundidos pela maior parte das pessoas. O resfriado é diferente da gripe por se tratar de um outro tipo de vírus, sendo considerado menos grave e com risco de complicação mais baixo se comparado à gripe. “Gripe a pessoa não pega todos os anos, é quando o paciente fica de cama, derrubado, com febre superior a 38ºC, com perda de apetite, calafrios, em alguns casos pode até perder peso, entre dois e três dias o paciente consegue voltar a realizar atividades”, explica o médico.
Pessoas com alergias sofrem muito mais nessa época. O primeiro desafio de um médico é avaliar se é resfriado ou alergia respiratória, já que eles podem apresentar semelhanças entre si. A secretária escolar Carla Emanuele Mazon conta que sofre de rinite e passa dias com os sintomas. “O principal sintoma em mim é o nariz trancado. Para aliviar a situação eu tomo antialérgico e utilizo uma pomada expectorante, ameniza um pouco. Embora seja mais comum na primavera, também sinto no inverno”, diz.
Os pacientes que apresentam alergias respiratórias também podem encontrar mais um inimigo nessa época: a umidade e o mofo. É necessário realizar um teste médico para identificar qual a alergia que o paciente possui e o que provoca essa alergia. Caso a alergia a fungos seja importante, o paciente deve identificar os principais pontos da casa que possuem fungos, trocar quarto de lugar buscando a luz solar e manter roupas limpas e longe do mofo a fim de amenizar o problema. “Se o problema for ácaro, pelos de gatos e cachorros ou pólen, ele está atacando o inimigo errado, mudanças como essas resultarão em uma melhora muito pequena. É necessário que vá até o médico para realizar exames”, explica o otorrinolaringologista.
A recomendação do médico caso seja contraída alguma gripe é o descanso e a hidratação. É importante também que no inverno, independente do estado de saúde, mantenha-se uma alimentação saudável e evite-se as dietas malucas, que cortam carboidratos e vitaminas importantes, pois isso pode agravar caso o paciente fique doente, já que o corpo não consegue se defender com a mesma força. “Outros fatores que infuenciam a imunidade do corpo é o sono, estresse emocional, ciclo menstrual, quadros de viroses que desidratam especialmente crianças. Caso um vírus encontre um corpo debilitado, facilmente ele se instala e desenvolve a infecção”, esclarece o Dr. Rafael.
Entre as complicações que podem surgir no paciente estão as infecções na garganta, pneumonias. “Um quadro inicial muitas vezes não necessita de um acompanhamento imediato, mas se notar que um sintoma ficou intenso, seja dor de cabeça, dor de garganta, febre, dores no peito e costas, precisa procurar um médico”, aconselha. “Lembrando que um quadro viral dura entre três dias podendo se estender a dez, não é normal ficar 15 dias resfriado. Em muitos dos casos são feitos exames de sangue, raios X, sorologia para a dengue para detectar ou descartar doenças mais sérias”, completa.
Vacinação
A campanha de vacinação contra a gripe, desenvolvida pelo Governo Federal, começará no dia 30 de abril e se estenderá até o dia 20 de maio. Serão distribuídas entre os 26 estados do país 25,6 milhões de doses para serem aplicadas em pessoas pertencentes ao grupo de risco.
Entretanto, após a divulgação do Ministério da Saúde de 444 pessoas infectadas, novos casos da gripe H1N1 e 71 mortes causadas pela doença responsável pela pandemia em 2009, muitas pessoas procuraram laboratórios para a aplicação da vacina. “A gripe em crianças pequenas, idosos, gestantes ou pessoas que possuem alguma outra doença séria pode ter evolução grave. Por isso é importante considerar sempre a vacinação, seja ela feita em laboratório ou nas campanhas promovidas pelo governo. Agora a vacinação ainda está restrita a uma parte da população, mas mantendo as recomendações de prevenção são poucas as chances de contágio”, explica o médico.
Todos os anos são disponibilizadas novas vacinas, pois o vírus é mutável. A vacina oferecida nos postos de saúde é a Trivalente, que proteje contra a Influenza A (H1N1), A (H1N3) e Influenza B do subtipo Brisbane. A vacina leva de duas a três semanas para fazer efeito e, segundo a recomendação do Portal da Saúde, pessoas com alergias comprovadas e importantes a ovos não devem receber a vacina. Quem está com imunodepressão, natural ou medicamentosa, deve receber orientação dos médicos quanto à vacinação.