21/03/2016
Suspeito de comandar a quadrilha que assaltou o País, nos últimos 13 anos, o ex-presidente Lula, que nesta quinta-feira tornou-se ministro chefe da Casa Civil do governo petista, reconheceu a existência da “República de Curitiba”. O termo, cunhado pelo ex-presidente em uma das gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, alude ao poder da Justiça Federal no Paraná, e à tenaz determinação do juiz Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato, em desvendar o intrincado emaranhado de crimes praticados pelos políticos, nos últimos 13 anos, com prejuízo de bilhões de reais aos cofres públicos e à estatal Petrobras.
O País tomou um susto, no início da noite de quarta-feira (16), quando as emissoras de televisão começaram a divulgar, quase que simultaneamente, trechos das gravações de telefonemas de Lula, inclusive com ministros e com a presidente da República. Estarrecedor, o conteúdo de tais gravações mostram não apenas a intenção do ex-presidente de se livrar das investigações das quais é uma das principais figuras, como desnudam a forma e a prática do governo petista, de lidar com o poder. Não existe ética e nem respeito com a coisa pública. Não existem limites para a vontade e os interesses desse cidadão, que se considera dono do País, dono da República, e parece estar acima das leis.
Trechos das conversas do ex-presidente são tão explosivos, e têm níveis morais tão rasteiros que assustaram até as jornalistas que as estavam apresentando em primeira mão e que, dada a urgência da notícia, possivelmente não as tinham ouvido fora do ar. Envergonhadas, assim se sentiram as famílias brasileiras que trabalham, pagam os seus impostos e sustentam a Nação. Traídos, assim se sentiram os brasileiros que acreditam na Ética, na Honradez e na Justiça.
Sem nenhuma previsão, a população saiu às ruas para gritar contra o governo, exigindo a renúncia da presidente. Os protestos explodiram em todas as capitais e principais cidades do País. Panelaços e buzinaços se sucederam até o início da madrugada desta quinta-feira (17), data em que a Operação Lava Jato completa dois anos. Lula tomou posse, em caráter de urgência, na manhã desta quinta-feira, como chefe da Casa Civil. Com a posse, para ter foro privilegiado e o juiz Sérgio Moro não mais poderá assinar o seu Mandado de Prisão, que já estava sendo confeccionado, por obstrução da Justiça, além de outros crimes. No final da manhã desta quinta-feira, a Justiça Federal de Brasília suspendeu a posse de Lula em caráter liminar. A medida vale até decisão final do Tribunal.
Se o ex-presidente continuar ministro, a presidente se transforma em uma peça de decoração, uma marionete que dará, sim, a última palavra em todos os assuntos da República: “Sim, Lula”.