26/01/2016
O fenômeno da Internet, e das redes sociais, escancara um lado perverso do ser humano, a tendência ao julgamento dos outros, sem conhecimento de causa. Basta um “post”, numa rede social, para que uma pessoa, mesmo inocente, seja bombardeada por julgamentos quase sempre injustos, carregados de preoconceitos, muitas vezes até criminosos. Parece não existir, no mundo virtual, o sagrado direito constitucional do cidadão, da Presunção da Inocência: “Todo mundo é inocente até prova em contrário”.
O pior é que os “julgadores”, em sua maioria, não têm nem ao menos uma informação segura do “crime” supostamente praticado por quem está sendo julgado. Não têm sequer qualificação profissional ou conhecimento de leis, que invocam não se sabe de onde, para embasar seu distorcido pensamento. “Julgadores”, muitas vezes analfabetos funcionais, não entendem que o seu direito termina onde começa o direito do outro, que existem leis, que devem ser cumpridas, e tribunais, para julgar os crimes praticados pelos cidadãos. É como a turba que, movida pela sede de vingança e ódio, lincha em praça pública um acusado de homicídio ou um ladrão comum, sem ao menos um processo legal, sem julgamento.
Na semana passada uma jovem da Lapa sofreu verdadeiro linchamento virtual, só porque tinha o mesmo nome e aparência física de outra moça, acusada em Curitiba de participar de um crime. Injustiças como esta são irreparáveis. As vítimas jamais conseguem se livrar das marcas, da cicatriz que esse tipo de ação produz. Fica, no mínimo, a marca na imagem, registrado “ad eternum” na rede mundial. Quem se responsabiliza por isso?
O ser humano moderno deve se diferenciar do bárbaro exatamente pela virtude de entregar à Justiça os casos que devem ser julgados por esse Poder. Se nem assim a Justiça for feita, devemos buscar aprimorá-la, através de novas leis, através do aprimoramento do Poder. Ir às ruas para fazer justiça pelas próprias mãos torna o homem, que se acha civilizado, num animal irracional, um bárbaro como se vivesse na Idade da Pedra.
Ao se organizar como Nação, nós escolhemos cérebros para elaborarem a nossa Carta Magna, conjunto de leis que norteiam nossas vidas, nosso comportamento. E a Justiça está inserida nesta Constituição, deve ser conhecida, observada e respeitada por todos. Ao abrirmos um “post” nas redes sociais, e colocarmos a nossa opinião sobre qualquer assunto, é preciso que, primeiramente, saibamos o que estamos fazendo, é preciso termos certeza de que o que escrevemos tem embasamento legal, não vai ferir um inocente. Porque nem mesmo os criminosos podem ser julgados sem um devido processo legal.