01/12/2015
A prisão do senador líder do Governo, Delcidio Amaral, por tentativa de obstrução da Justiça, deixou os corruptos suando frio, na última quarta-feira (25), mas trouxe de volta para a população um sentimento que, há muito, parecia ter desaparecido, a Esperança. A votação, no Senado, sobre a manutenção ou não da prisão, também repercutiu positivamente entre a população. Uma grande maioria dos brasileiros assitiu, pelas emissoras de televisão, em tempo real, a votação no Senado onde a vontade do povo venceu por 59 votos contra 13 e o senador continuou preso à disposição da Justiça.
A sessão do Senado, que se estendeu por mais de quatro horas, primeiro decidiu que o voto seria aberto, como deveriam ser todos os votos dos parlamentares. No resultado, a população pode ver quem votou a favor do senador e contra o povo, e quem votou pela Justiça. Os 13 votos pró Delcídio, por coincidência ou não, são votos emblemáticos. Coincidentemente são 13 os senadores sob suspeita de algum envolvimento em denúncias de corrupção. O resultado da votação foi comemorado, em todo o País, como um gol da Seleção. Já não se acreditava mais que a Justiça poderia vencer a guerra contra a corrupção. Já não se esperava ver os corruptos, além dos já presos na Operação Lavajato, pagarem por seus crimes. Não se imaginava que a mão forte da Justiça chegaria ao núcleo do poder, onde suspeitos de corrupção se escondem atrás de cargos públicos e tentam manipular os fatos, para continuarem usando os cargos públicos em proveito próprio.
Com certeza ainda falta muito trabalho da Justiça, para alcançar os verdadeiros chefões da quadrilha que assaltou o Brasil, nos últimos 12 anos. O brasileiro, que já não acreditava mais na possibilidade de ver o País voltar aos trilhos, que já não enxergava mais a Justiça como última esperança, voltou a ver que, sim, é possível, que nós podemos, que o crime, por mais sofisticado que possa parecer, mais cedo ou mais tarde será descoberto, e os criminosos serão punidos. Porque, mesmo tendo se apoderado da esperança do povo, os corruptos não conseguiram que ela se mantivesse aprisionada indefinidamente.
De nada adianta manipular, mentir, enganar, porque a cada mentira inventada, uma outra mentira, maior, é necessária para manter a primeira. Chegará o momento em que, por mais inteligente que seja, o mentiroso esquecerá um pequeno detalhe, e todo o seu argumento cairá por terra. Pois foi um pequeno detalhe, um celular, no bolso do filho de um acusado na Operação Lava Jato, numa reunião em um hotel, em Brasília, que culminou com a prisão do senador. Mesmo que eles tenham trancado os celulares num armário, faltou um, justamente o que gravou toda a conversa.