18/11/2015
Chegou ao limite, os caminhoneiros independentes, cansados de trabalhar apenas para não morrer de fome, foram à luta e iniciaram paralisações pipocas, em quase todo o País. Eles reclamam que não conseguem nem mesmo pagar o combustível e o pedágio e, se ocorrer algum problema na viagem, como um pneu estourado, lá se foi o lucro, que é pouco, e a viagem se torna um grande prejuízo. Sem uma liderança, os caminhoneiros focaram apenas em uma reinvindicação, política, pedindo a renúncia da presidente da República.
Em Campo Largo a manifestação foi realizada na tarde da última segunda-feira na BR-277, chegando a parar mais de 150 caminhões no pátio do Posto Quinta. Não houve confronto, nem problemas entre os caminhoneiros. Todos pararam no primeiro pedido dos companheiros que organizaram o evento. Os demais veículos eram liberados. “Nós só queremos a adesão dos companheiros”, dizia um dos líderes. E a aceitação era imediata, “não temos nada contra, temos que trabalhar, mas é importante parar por algumas horas, para que a gente possa conversar e saber como está a vida dos colegas, somos todos irmãos”, disse outro.
Em conversa com a Reportagem da Folha, alguns caminhoneiros destacaram as dificuldades enfrentadas por eles, na estrada. “Não temos valor, não sobra nada de um frete, que muitas vezes quase não cobre o combustível e o pedágio”, explicou outro, garantindo que se nada for feito, vai parar de vez, desligar o caminhão e ficar em casa até a crise passar. “Já estou aposentado, se ficar em casa tenho menos prejuízo”, disse.
Em todas as rodas, entre os caminhoneiros, a conversa era a mesma, o valor baixo do frete, o alto custo dos combustíveis e do pedágio. Mas o grito de guerra deles era o impeachment da presidente da República. Eles acreditam que só com a mudança de Governo a situação poderá ser resolvida.
No dia seguinte, a Medida Provisória da Presidência da República, majorando os valores das multas para quem obstruir estradas, começou a esvaziar o movimento, em todo o País. Mas os caminhoneiros anunciaram, através das redes sociais, que o recuo é apenas estratégico, porque pretendem retornar às paralisações, sem a necessidade de obstrução das estradas. Eles querem unir toda a categoria para em determinado momento parar os caminhões, na mesma hora, em todo o País, simplesmente encostando os veículos nos pátios dos postos de combustíveis para exigir uma solução para a grave crise que o setor atravessa. Querem muito mais do que trabalhar para pagar combustível e frete, querem trabalhar para ter salário justo e digno.