24/05/2015
Campo Largo não é uma ilha, aqui também roubaram o dinheiro do povo, na Câmara Municipal. São centenas de milhares de reais, talvez até mais, ninguém sabe ainda o montante desviado, nem o tempo em que os desvios aconteceram. Sabe-se, já, que o “ralo” permaneceu aberto, e muito aberto, escoando dinheiro à vontade, pelo menos nos últimos dois anos.
As investigações, até o momento, apontam como suspeita dos desvios somente uma ex-funcionária, já falecida, que exerceu a função de contadora durante 12 anos. As investigações vão levantar todos os dados contáberis, inicialmente dos últimos cinco anos. Se ficar constatado que os desvios são mais antigos, as investigações podem se estender aos últimos 12 anos.
É revoltante, para qualquer cidadão, tomar conhecimento de que o dinheiro público é “apropriado” por quem deveria protegê-lo, por quem deveria ser o primeiro a prestar contas, centavo por centavo. E mais, por que um desvio dessa magnitude permaneceu desconhecido durante tanto tempo? É possível? Por que os órgãos de fiscalização, Controladoria, Tribunal de Contas, Banco Central, não desconfiaram das “transferências”, às vezes de valores muito acima do limite considerado insuspeito?
Vá o cidadão comum transferir recursos de uma conta para outra, em valores maiores do que R$ 5.000,00, que o Banco Central já encaminha a informação para a Receita Federal. É automático! Como pode, então, alguém movimentar valores tão superiores, em sua conta bancária, sem levantar suspeitas?
Enquanto o noticiário nacional e até o estadual, sobre falcatruas, desvios de recursos públicos, Mensalão, Petrolão, o cidadão comum é levado a pensar que isso só acontece no Estado, ou na União. A notícia do desvio de recursos na Câmara Municipal de Campo Largo nos faz ver que até aqui, em nossa “aldeia”, os fatos se repetem, tão lamacentos quanto os registrados em nível estadual e nacional, levando-nos a desconfiar de tudo e de todos. Mas não devemos nos deixar levar por esse caminho, por esse raciocínio. Devemos pensar e ter a convicção de que esses casos não são endêmicos, não são as instituições, que estão falidas, mas apenas algumas pessoas, que por necessidade ou má fé, se valem do poder de estar com a “chave” do cofre do nosso dinheiro, em suas mãos, para se apropriar de valores que não lhes pertence. Não podemos fazer nenhum juízo de valor, mas devemos esperar que a Justiça apure as responsabilidades por esses devios, doa a quem doer.