18/05/2015
Meninos, cada vez mais jovens, estão trocando o lápis, cadernos e livros, por armas de fogo. Em vez de procurarem o primeiro emprego, buscam o dinheiro aparentemente mais fácil, nos assaltos a supermercados, panificadoras e outros estabelecimentos comerciais. Antes, tinham 18, 20 anos, mas quase todos morreram; agora têm 17, 16, e até 14 anos de idade, e continuam morrendo, porque a morte é a única coisa que encontrarão, mais cedo do que mais tarde, quando entram por esse caminho, que não tem volta.
Crianças praticando crimes violentos, como tráfico de drogas ou assaltos à mão armada, são acontecimentos comuns, nesses dias estranhos nos quais vivemos. Quando somos bombardeados por notícias cada vez mais revoltantes, de ladrões do colarinho branco ganhando liberdade ou nos desafiando diante da televisão, cantando, ironicamente, música de Roberto Carlos, ou permanecendo calados invocando direito constitucional que não deveriam ter.
Nos revolta, enquanto cidadãos que pagam seus impostos corretamente, que trabalham todos os dias para sustentar suas famílias, vermos que o País vive o caos e o desgoverno e que parece não haver solução para nada. Instituições falidas, destruídas por políticos e gestores incompetentes e corruptos, impostos e preços que flutuam ao sabor dos ventos, e salários que a cada dia perdem um pouco mais do seu poder de compra. Deixaram nossas escolas se deteriorarem, professores que não têm condições de voltar às salas-de-aula; não vemos o horizonte, não há luz no fim do tunel.
O episódio de Bateias, do assalto praticado por meninos, com a morte de dois deles, ferimentos graves em um terceiro e a prisão de um quarto, é apenas o resultado lastimável de tudo isso. Meninos que deveriam estar nas escolas, chegando ao final de um ciclo de estudos, e talvez felizes por verem assinada a primeira folha das suas carteiras de Trabalho, seu primeiro emprego, o início do aprendizado em uma profissão. A morte dos meninos e a apreensão de um deles, com apenas 14 anos de idade, nos choca, porque vemos que todos, como sociedade, falhamos, que precisamos parar para corrigir os nossos erros. Ao continuarmos sem as devidas reflexões e as necessárias mudanças, só encontraremos maior barbárie, mais sangue. Quantos meninos mais precisarão morrer, para que algo seja feito? Quantos de nós terão que morrer nas mãos de meninos armados com pistolas, quando deveriam empunhar apenas um lápis?