Vigilância em Saúde Ambiental informa e orienta a população sobre os perigos da Raiva
19/03/2015
A Raiva é uma antropozoonose - doença primária dos animais que pode ser transmitida ao homem, causada por um vírus que na grande maioria das vezes é mortal. A doença envolve o sistema nervoso central e leva o contaminado à morte após curta duração.
Visando orientar os moradores de Campo Largo para os perigos do contágio, bem como maneiras de prevenção da doença, a Vigilância em Saúde Ambiental, da Secretaria Municipal de Saúde, divulga diversas informações sobre o tema.
Na década de 90, o Ministério da Saúde realizou inúmeras campanhas de vacinação antirrábicas para cães e gatos. Algumas ainda se mantêm em alguns locais do país. Porém, na região Sul, não há mais este tipo de campanha, já que não existem mais surtos. Os últimos casos de raiva humana no Estado aconteceram em 1977, transmitida por cão, e em 1987, transmitida por morcego.
“Temos que estar atentos, pois a Raiva é uma doença altamente letal. Existem, no mundo, apenas oito casos de cura da doença desde 1970. Destes, apenas um paciente foi no Brasil, na região Nordeste”, comenta a bióloga da Secretaria, Virginia Prado Schiavon Ramos.
Transmissão
A transmissão ao homem e animais geralmente acontece por mordedura, por via transcutânea, que é a penetração do vírus contido na saliva do animal infectado e mais raramente pela arranhadura e lambedura das mucosas.
Na zona urbana, o cão e o gato são os principais transmissores. Animais de produção, como os bovinos e suínos, são de suma importância quando se trata de raiva, apesar de não serem os principais transmissores ao homem, são importantes na manutenção do ciclo da doença.
“Sabe-se que a maioria desses acidentes aconteceu por cães ‘semidomiciliados’, que são animais que têm dono e residência, mas que ficam muito tempo nas ruas. Por isso, impedir que saiam da residência e mantê-los vacinados são medidas importantes que evitam a infecção, que também pode ser transmitida para o homem”, cita.
Além dos animais domésticos e de produção, os animais silvestres também são importantes transmissores da doença, em especial os morcegos. Independente dos hábitos alimentares, todo morcego pode ser portador do vírus rábico, o que não significa dizer que obrigatoriamente esteja contaminado.
A maior parte dos casos de Raiva transmitidos a humanos é por morcegos, onde o contato foi ocasional e a agressão ocorreu por manipulação indevida do animal que parecia morto ou estava desorientado. Lembrando que os morcegos também adoecem e morrem de raiva.
“Devido a isso, devemos ter consciência que o simples fato da presença de morcegos no ambiente não é por si só certeza de que o vírus da raiva esteja presente. E que são animais extremamente importantes para o equilíbrio ecológico. Por isso, não há motivos para ter medo. Vale salientar que por serem animais silvestres estão protegidos por leis ambientais de proteção à fauna e flora, por isso é considerado crime a sua caça, perseguição e a destruição”, comenta.
Fui mordido por um cão ou gato. Como proceder?
Em casos de mordeduras, o paciente deve procurar imediatamente a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima ou o Centro Médico Hospitalar. Deve-se lavar o local com água e sabão, mas não passar nenhum tipo de medicamento até a recomendação médica.
Após o acidente, é importante que o animal agressor fique em isolamento e observação por pelo menos 10 dias, conforme orientação do Ministério da Saúde. É esse tempo que definirá o tratamento da pessoa.
Se durante o período da observação o animal agressor vir a óbito, a Vigilância em Saúde Ambiental deve ser acionada, para a averiguação da possibilidade desse animal ser portador do vírus da raiva. Nessa situação, é encaminhada uma amostra do animal para análise do Laboratório Central do Estado (Lacen). As clínicas veterinárias que tenham suspeitos de raiva também devem entrar em contato com a Vigilância para que as recomendações pertinentes sejam passadas.
Hábitos dos morcegos
Esses animais possuem hábitos noturnos, e raramente são encontrados durante o dia. A visualização destes animais mesmo a noite é muito difícil. Porém, quando estão doentes, mudam seu comportamento. Neste momento devemos estar alertas! Mandar esses animais mortos ou desorientados para análise é muito importante para a detecção da raiva e para o mapeamento da doença no município.
Caso encontre algum morcego morto ou desorientado, algumas medidas devem ser tomadas:
*Evite o contato direto com o morcego vivo ou morto. Nunca tente capturá-lo com as mãos, use uma pá ou alguma outra ferramenta. Muitas vezes o animal parece morto, mas não está. Evite acidentes.
*Não provoque morcegos que adentram na residência. Eles são animais silvestres, e como tal podem atacar ao se sentir acuados.
*Não permita que animais domésticos tenham contato com estes animais.
* Se alguém teve contato direto com o animal, procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima ou o Centro Médico Hospitalar.
*Comunique a Vigilância em Saúde Ambiental, na Prefeitura Municipal de Campo Largo, situada na Avenida Padre Natal Pigato, 925, bloco 05, ou pelos telefones 3291-5324 e 3291-5325.
Mitos e Verdades
1—Não existe mais casos de Raiva no Estado do Paraná.
Mentira. A raiva em cães e gatos está controlada desde a década de 1980, porém, sabe-se que o vírus é circulante e a doença não está erradicada.
2 – Passados 10 dias de um ataque por animal suspeito de raiva, se a pessoa continua bem e/ou o ferimento já cicatrizou não há mais risco da pessoa desenvolver a doença.
Mentira! O período de incubação da raiva em seres humanos é muito variável, na maioria dos casos é de 3 dias.
3 – Após 10 dias de observação a partir da data da agressão, se o cão ou gato permanecer saudável é porque não está com raiva.
Verdade! A partir do 11° dia após a mordedura, se o cão ou gato continuar saudável, não há mais risco do animal estar contaminado pela doença.
4 - Fui ao Posto de Saúde porque fui mordido por um cachorro e a enfermeira estava mais preocupada com o cachorro do que comigo!
Mentira! Os profissionais se preocupam muito com o paciente! O estado de saúde do cão ou do gato agressor são um indicativo do risco deste animal estar ou não raivoso e poder transmitir a doença. Essa informação do estado do animal definirá o tratamento para o paciente.
5 – Apesar de a doença estar controlada, todos os cães e gatos devem receber a vacina antirrábica anualmente.
Verdade! A vacinação é necessária para proteger o animal e diminuir a possibilidade de que ele desenvolva e transmita a doença se tiver contato com outro animal raivoso.
Vacine seus animais todo o ano. E lembre-se que seu animal é sua responsabilidade, por isso mantê-lo sobre supervisão quando o mesmo sair de casa, somente permitir que o animal saia de casa com coleira, corrente e/ou focinheira.