24/01/2015
No Brasil Colônia era a Derrama, um dispositivo fiscal aplicado em Minas Gerais a fim de assegurar o teto de cem arrobas anuais na arrecadação do Quinto. O Quinto era a retenção de 20% do ouro em pó ou folhetas que eram direcionadas diretamente à Coroa Portuguesa. E a cobrança cercitiva do imposto acabou por levar o povo a uma revolta que se convencionou chamar de Inconfidência Mineira, que culminou com a morte, por enforcamento, do Alferes de Cavalaria Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
A história dos impostos, no Brasil, tem nuances que poderiam se tornar objeto de estudos acadêmicos. Os governantes brasileiros sempre optaram por aumentar a carga tributária, em vez de racionalizar os recursos e reduzir as despesas. Gasta-se muito e faz-se quase nada, em benefício dos contribuintes. O Brasil é um dos países mais caros do mundo, onde a carga tributária supera os 40% do PIB - Produto Interno Bruto, ou dois quintos de toda a nossa produção.
Pagamos, hoje, ao Governo Brasileiro, o dobro do imposto cobrado pela Coroa Portuguesa, na época de Tiradentes. Mesmo assim, não temos Saúde, Educação, Segurança, Infraestrutura, Justiça, Previdência, tudo o que a administração correta dos recursos dos impostos deveria nos dar, com qualidade e gratuitamente. O inchaço da máquina pública, o aparelhamento político das instituições, a incompetência e a corrupção corroem, como a ferrugem corroi o ferro, o dinheiro tomado do trabalhador, em impostos e taxas.
Os brasileiros de hoje, ao contrário dos brasileiros que conheceram Tiradentes, apáticos, tendem a pagar sem reclamar. Antes era apenas a falta dos serviços, agora faltam também água e energia elétrica. Amanhã, certamente, pelos desmandos e pela corrupção, toda a cadeia produtiva se desmontará e poderá faltar, também, o alimento na mesa do trabalhador. Será que os brasileiros vão esperar chegar a esse ponto, para reagir?
Em fevereiro poderemos sentir no nosso bolso a mão leve do Governo, levando mais R$ 0,22 em cada litro de Gasolina que colocarmos no tanque dos nosso veículos. Parece pouco, apenas 22 centavos, mas esta poderá ser a gota d´água que faltava para transbordar o copo. Há pouco tempo a população se levantou contra o Governo, por causa de 20 centavos de acréscimo nas passagens de ônibus. Agora são 22, no preço da Gasolina. Como os brasileiros vão se comportar?