20/06/2014
Nos dias de jogo da Seleção Brasileira, as cidades param, o comércio fecha mais cedo, todos parecem ter pressa de chegar em algum lugar, quase sempre em casa. Por duas horas, todos ficarão hipnotizados diante das telas de LED, Plasma ou LCD de 30, 40, 60 polegadas. A devoção é tamanha que o brasileiro até canta, abraçado, a plenos pulmões, o Hino Nacional Brasileiro, como se estivéssemos prestes a iniciar uma guerra em defesa da Pátria.
Na hora do jogo, ninguém nas ruas, um silêncio quase sepulcral, quebrado apenas pelos gritos de “uuuuhhh!”, de não gol, ou pelo som estridente de cornetas ou buzinaços de caminhões que teimam em continuar passando pelas ruas e estradas.
O País do Futebol respira bola, torce quase à adoração, pelos “ídolos” garotos, que mal sabem o que realmente representam. Nesses dias, e momentos, a Nação esquece os seus problemas, o desgoverno, a corrupção, a violência provocada pelo tráfico de drogas e armas, a pobreza e a miséria.
A “adoração” do povo pelo futebol é tamanha que até os índices de criminalidade diminuem quase à zero, nas duas horas nas quais se realizam as partidas. Os pronto-socorros ficam vazios, porque ninguém se acidenta ou tem algum problema de saúde, nessas horas. O Brasil “congela”, enquanto a bola rola nos gramados.
Mas a Copa termina em poucos dias. Ganhando ou perdendo, o País terá que voltar à vida normal, dura, à luta do dia-a-dia. Os brasileiros voltarão a perceber que o transporte público é de péssima qualidade, que as estradas não têm condições de transportar a produção, que nossos portos continuam impraticáveis. Voltaremos a disputar espaço nas ruas, nas grandes cidades, a buscar por emprego, Educação, Saúde, Segurança Pública. Estaremos, então, diante da realidade. O Comércio que, durante a Copa vendeu muitas camisas amarelas produzidas na China, cornetas (vuvuzelas) verde e amarelas, terá que disputar os clientes comuns, que buscam os produtos do dia-a-dia.
Depois da Copa, veremos que o País praticamente parou, entre os dias 12 de junho a 13 de julho. Os prejuízos, nesse período, que certamente serão enormes, só serão conhecidos depois de alguns meses, quando o PIB - Produto Interno Bruto, for avaliado. Só então saberemos o montante do prejuízo econômico causado pela entrega do País à soberania do Futebol, às leis internacionais da Fifa. Ganhando ou perdendo a Copa do Mundo, o País terá perdido a oportunidade de discutir os seus problemas, de investir em atividade produtiva, de buscar melhorias para a população. E esse tempo perdido jamais será recuperado.