05/04/2014
A corrupção, como qualquer droga, está na raiz de todos os males que a Nação enfrenta. Os escândalos envolvendo políticos, funcionários públicos e empresas, que permeiam os telejornais e a maioria dos jornais impressos, em todo o País, são apenas as pontas visíveis dos icebergs que infestam o “mar” de roubo, de incompetência, de improbidade, em todos os níveis de governo.
O caso mais recente, envolvendo o vice-presidente da Câmara Federal, André Vargas (PT), um representante do Paraná que viajou com a família, em férias, num jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef, preso acusado de lavagem de dinheiro, é emblemático. Em sua defesa, o deputado já apresentou duas versões, para justificar o “equívoco” , mas não convenceu ninguém.
Desde os anos 90, a Polícia Federal investiga as operações do doleiro, envolvido em negócios estranhos desde o escândalo do Banestado. Vargas disse que é seu amigo há mais de 20 anos.
Os interesses do doleiro ao tentar corromper agentes políticos parecem bem claros. Oferecendo favores pensa receber proteção, ou pelo menos vistas grossas para seus negócios, que incluem a remessa de milhões de dólares para o exterior. Há 20 anos essa figura é notícia, sempre envolvendo altas somas, sempre envolvendo algum órgão ou agentes públicos.
O caso Vargas/ Youssef é apontado como muito parecido ao do ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que foi flagrado em escutas realizadas pela Polícia Federal em diálogos com Carlinhos Cachoeira, contraventor ligado a jogos de azar. As escutas revelavam que o senador pedia e concedia favores ao contraventor. Em um deles, Cachoeira emprestou um jatinho para que Demóstenes fizesse uma viagem.
O senador foi cassado e está afastado de suas funções como promotor do Ministério Público de Goiás e continua investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público. O deputado paranaense já confessou que cometeu um “equívoco”, e pediu desculpas à sua família.
Pode, um deputado federal ser ingênuo ao ponto de desconhecer que pediu favor ao um homem suspeito de tantos crimes? O custo da viagem do deputado com seus familiares, ao Nordeste no Learjet 45, seria de mais de R$ 100 mil. Quem tem condições, hoje, no Brasil, de gastar esse valor só com passagens aéreas, para uma viagem de férias com a família? Poucos, muito poucos, além, é claro, dos corruptos que, com certeza, são muitos.