29/03/2014
Parece que não. Depois de “explodir” com 109 presos, num espaço destinado para não mais de 30, e ficar completamente destruído, após uma fuga em massa numa rebelião iniciada no dia nove de março último, o “Cadeião” de Campo Largo voltou a receber presos, e não são poucos. Até esta quinta-feira, mesmo sem condições de segurança, o “Cadeião” , esvaziado após a rebelião, por falta de segurança, já havia recebido 13 novos presos. Com esse número de “residentes”, a unidade já pode ser considerada lotada, uma vez que apenas duas celas estão em condições de se passar um cadeado na porta. O problema é sério, e pode ficar pior, se providências não forem tomadas para a interdição oficial do lugar, por uma autoridade judicial, de Segurança ou de Saúde Pública.
Os vizinhos estão apavorados, há noites em que é difícil dormir. O medo de nova fuga é muito grande e o trauma volta a assustar. Uma vizinha disse à Reportagem da Folha que toda noite é um pesadelo, um acordar com barulhos e gritos que parecem estar no quintal da sua casa. A história do “Cadeião”, com sua localização irregular, no centro de um bairro densamente habitado, sem segurança e sem estrutura para receber presos, continua a desafiar todas as leis, a Lei de Newton, que prova cientificamente que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, no mesmo tempo; a Lei do Silêncio, que proibe barulho entre as dez da noite e às seis horas da manhã; e a Lei Maior, a Constituição Brasileira, que diz ser a Segurança um direto do cidadão e dever do Estado.
Quem consegue dormir com um barulho desses? Quem se arrisca a comprar uma casa nas proximidades de um lugar tão perigoso? Os moradores das proximidades querem, mas parece que ainda não deram o primeiro passo para tentar, na Justiça, o embargo do “Cadeião”. Enquanto isso não acontece, talvez por falta de interesse das autoridades de Segurança Pública do Estado, por falta de recursos ou por incompetência, o “Cadeião” de Campo Largo continua existindo, mesmo destruído, e recebendo presos, ladrões, assaltantes, traficantes de drogas, autores de crimes contra a pessoa, e até pessoas que deveriam ser encaminhadas diretamente a um presídio. Até quando, ninguém sabe.
Os moradores da Vila Bancária, local onde fica o Cadeião, já denunciaram a situação, já pediram, suplicaram a transferência daquela unidade para um local mais distante do centro da cidade, um lugar isolado, longe de residências, onde os presos possam fazer barulho, sem incomodar os vizinhos, e onde, se houver fuga, não passem por dentro das casas vizinhas, levando pânico e terror aos moradores.