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Opinião

Presos políticos ou políticos presos?

Presos políticos ou  políticos presos?

23/11/2013

Finalmente os réus do Mensalão foram presos. Achando-se injustiçados, chegaram a dizer que são presos políticos. E são, mas não presos políticos, são, na realidade, políticos presos. Porque existia, no Brasil, a ideia de que político não vai preso, porque eles sempre dão um “jeitinho” e acabam invertendo as provas, passando de reús a vítimas. Mas negar até a morte parece já não ser mais uma saída. A Justiça, embora tardia, se condena o culpado não falha, e se põe criminosos na cadeia cumpre a sua função constitucional.

Porque o Mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares, talvez tenha sido o mais sórdido episódio de roubo do dinheiro público já ocorrido no Brasil. Dinheiro que, por caminhos escabrosos, foi parar nas contas dos políticos corruptos que, eleitos para defender o cidadão, venderam o voto em troca de verdadeiras fortunas. Cientistas políticos dizem que tudo foi feito para manter o poder nas mãos do grupo que chegou ao Governo e procurou “aparelhar” o Estado, com objetivo de nunca mais sair. Cativo desse Poder, o País entraria em um período negro, sendo aos poucos desmontado, com a falência das instituições, inclusive da Justiça, nos moldes da Venezuela de Hugo Chaves.

Mas a grande tacada de mestre implodiu diante das denúncias de um deputado que se sentiu traído, e todo o esquema de corrupção acabou na Imprensa, e os culpados processados. Muitos negaram, e continuam negando, que o Mensalão existiu um dia. Muitos se dizem inocentes das acusações, não admitem a “intromissão” do Ministério Público e da Justiça, no projeto de poder arquitetato nos moldes cubanos de dominação das instituições e da mídia. E em todo esse processo, apenas um homem se destacou, em defesa das instituições e do povo, o ministro do Supremo, Joaquim Barbosa. Sem a sua determinação e coragem certamente os réus do Mensalão estariam, ainda hoje, ocupando importantes cadeiras na Administração Pública, rindo da ignorância do povo. E, ao que parece, tudo é resultado mesmo da falta de educação dos eleitores, que continuam a votar como há 60 anos, como gado que sabe que será sacrificado, mas não esboça nenhuma reação diante do fim que acredita ser imutável.

É possível mudar, sim, basta que o título de eleitor seja utilizado com inteligência. É possível separar o joio do trigo, porque entre milhares de políticos honestos, existem apenas alguns desonestos, que têm o poder como um caminho para o rápido e ilícito enriquecimento.