25/02/2013
Com preço acessível e vendidas em “pacotes”, cirurgias plásticas no Brasil ficam mais perigosas
25/02/2013
Fonte:R7.com
Foto:Reprodução/Rede Record
Empresas que intermediam a relação entre médicos e pacientes podem baixar o valor das cirurgias plásticas. Mas a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) alerta: preços muito baixos podem ser um risco para quem procura esse tipo de serviço.
A diarista Maria Gilessi Pereira Silva, de 41 anos, procurou uma dessas empresas em São Paulo para realizar um sonho, colocar silicone nos seios. O procedimento ocorreu no começo do mês, mas ela nunca chegou a ver o resultado. Morreu horas depois, vítima de uma parada cardiorrespiratória.
Segundo Carlos Alberto Komatsu, diretor-geral da SBCP, é comum que as intermediadoras reduzam os custos das cirurgias.
— Muitas vezes a gente observa alguns sites que são provenientes de intermediadoras de cirurgias plásticas que são empresas que visam o lucro. Aquela história de você faz um número muito grande e através de um número grande de cirurgias você abaixa o custo e abaixa a qualidade da cirurgia.
Komatsu ainda diz que a forma como as intermediadoras agem é considerada ilegal pelo Conselho Federal de Medicina. Elas vendem os pacotes, financiam o pagamento e sugerem os médicos. Oito em cada dez reclamações de cirurgias plásticas envolvem esse tipo de empresa, que tornam ainda mais difícil atribuir responsabilidades no caso de algo errado.
A reportagem do Domingo Espetacular procurou três intermediadoras de cirurgias plásticas em São Paulo. Em uma delas, a produtora se passar por interessada em uma lipoaspiração no abdome, mas é atendida como se fosse retirar gordura do corpo todo. A atendente ainda oferece um pacote, com outros procedimentos.
— Se você quiser colocar prótese, eu acrescento o valor da prótese, que é de R$ 5.100. A cirurgia vai cair para R$ 4.380, porque você vai estar pagando o hospital, você vai estar pagando o anestesista, então eu não vou cobrar esse valor de novo.
A atendente também quis vender sessões de drenagem linfática após a cirurgia por R$ 996. Ela diz que há cintas e meias que devem ser compradas para uso no pós-operatório.
A forma de pagamento também é atraente para quem não tem condições de custear a cirurgia à vista. Em uma das intermediadoras, os valores podem ser financiados em até 36 vezes no cheque, com juros.
O risco aumenta se levada em consideração a revelação de um médico de uma das clínicas visitadas pelo Domingo Espetacular.
— Não existe nenhum hospital de cirurgia plástica em São Paulo que tenha uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de verdade. Tem uma semi-UTI, tem uma sala de recuperação que é um pouco mais elaborada. Mas UTI de verdade, com médico intensivista 24 horas, com todo o aparato de exames laboratoriais, de tomografia, de médicos de outras especialidades pra dar um parecer, uma avaliação se for necessário, não tem.
Komatsu lembra que quando o negócio é muito bom, é melhor se preocupar.
— Normalmente, quando a gente vê a parcela em 20, 30 vezes ou muitas facilidades de custos e parcelamentos, a gente tem que desconfiar que seja uma intermediadora de serviço de cirurgia plástica que está envolvida nessa história. É para desconfiar e muitas vezes o barato sai caro. E com saúde a gente não deve brincar.