01/02/2013
Quantos jovens campo-larguenses se expõem aos riscos de morte, a cada final de semana, em casas de shows nem sempre dimensionadas e seguras, aqui na cidade e em cidades vizinhas? Quais os riscos que eles correm em casos de incêndio, de briga, de pânico? Quem é o responsável pela segurança? O Município? O Corpo de Bombeiros? A Polícia? Em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, como em todos os casos dessa natureza, onde uma tragédia causou a morte de mais de 230 jovens, as autoridades constituídas, os gestores, o Poder Público Municipal, se exime da responsabilidade informando que esses locais são fiscalizados pelo Corpo de Bombeiros. O Corpo de Bombeiros informa que o Alvará é liberado pela Prefeitura. E ninguém assume a responsabilidade.
A tragédia gaúcha é um importante instrumento para que a sociedade cobre, com antecedência, das autoridades, uma posição. As casas noturnas, além de outros emprendimentos comerciais e até as igrejas, locais de grande aglomeração, precisam ser mais seguros para os seus frequentadores. As autoridades constituídas precisam cumprir a lei, impedindo que locais que não obedeçam as normas de seguranças sejam liberados para o público.
O Corpo de Bombeiros precisa (se ainda não tem), ter o poder policial de interdição, mesmo que a Prefeitura Municipal tenha liberado o Alvará de funcionamento, caso constate que alguma exigência legal tenha sido descumprida. É preciso existir uma força que impeça, por exemplo, o “jeitinho” que os proprietários de casas de shows parecem encontrar para driblar as exigências da Lei, como pode ter acontecido no Rio Grande do Sul. Porque não é concebível que uma casa com aquelas dimensões, tenha apenas uma porta de emergência e esta porta, bloqueada por biombos e brutamontes que impediram a saída das vítimas, nos primeiros minutos do trágico incêndio.
Campo Largo e as cidades vizinhas têm muitas casas noturnas, bares e outros locais de aglomeração, sem as tais portas de emergência, sem as rotas de fuga em massa. Esses locais precisam se adequar às exigências da Lei, devem ser reformados para continuar funcionando. Caso contrário, nossos jovens continuarão a correr os mesmos riscos que os jovens de Santa Maria correram, todos os finais de semana, até que aconteceu a tragédia que matou mais de 230 e deixou mais de uma centena feridos. Não queremos, ninguém quer, que caso semelhante acontecça na nossa cidade, e nem em lugar nenhum. Para isso, é necessário que a adversidade vivida pelos gaúchos de Santa Maria sirva como lição, como ensinamento de quanto devemos nos preocupar e nos prevenir, para que tragédia semelhante não aconteça novamente.