18/01/2013
No Brasil, o Ano Novo só começa mesmo depois do Carnaval. E esse ano começa com o preço da Gasolina mais caro. Sobem os combustíveis, os alimentos, as tarifas de ônibus, roupas, escolas, livros. Parece que o Governo, quase 20 anos depois do Plano Real, perdeu o rumo e deixou o “monstro” da inflação acordar do seu longo período de hibernação. Os ingleses dizem que o Brasil é o país da economia do “jeitinho” , e nós brasileiros sabemos que com “jeitinho” não se pode caminhar para o desenvolvimento.
Esse filme a maioria de nós brasileiros já assitiu, e muitas vezes foi protagonista. Já vai longe no tempo, mas não na memória, a inflação galopante de dez, 20, 80 por cento ao mês, que corroía nossos salários. Já vai longe no tempo, mas não na lembrança, as filas para comprar leite nas panificadoras e supermercados, o ágio nos preços da carne, nos açougues. Quem não se lembra dos fiscais do Sarney? Quem não se recorda dos preços que, de manhã eram um e à tarde outro, às vezes com cinco, dez por cento de diferença? Só para se ter uma ideia, em 1994 , quando veio o Plano Real, um carro popular custava cerca de seis mil dólares. Na época, o equivalente a seis mil reais (um dólar valia um real). Hoje um carro popular custa 15 mil dólares, perto de 30 mil reais. Não só o dólar dobrou de valor, como em Real, o mesmo carro aumentou quase 500%.
Não queremos, ninguém quer, a volta da hiperinflação. O “jeitinho” do ministro Guido Mantega, para tentar controlar o mercado, não funciona. É preciso o Governo reduzir os desperdícios, combater a corrupção, economizar nos seus gastos. O Governo precisa gastar menos e continuar reduzindo impostos (talvez a coisa mais sensata que está fazendo), desburocratizar para aliviar a tensão imposta aos cidadãos e às empresas. O Governo precisa investir na chamada redução do Custo Brasil, melhorando a malha viária, reduzindo os valores do pegágio, ou acabando com impostos paralelos, implantando novos modais de transporte, como os trens de carga, os trens de passageiros, melhorando portos e aeroportos.
O Brasil não é uma ilha e o que acontece no outro lado do mundo causa reflexos aqui. A China abarrota nossos portos e aeroportos, com produtos de qualidade duvidosa, produzidos em condições que desconhecemos, com preços aviltados, fruto de práticas comerciais desleais, que podem causar a “morte” de indústrias como a calçadista, a têxtil e de confecções, a indústria de cerâmica e porcelana. E o Brasil, o que é que faz? A nossa reação é demorada, lenta, e quase sempre menor do que deveria ser. O resultado é o fechamento de postos de trabalho aqui e criação de novas vagas lá. Esse movimento precisa ter um fim, ou acabaremos exportando apenas grãos e minério de ferro, e importando até óleo, um dos nossos produtos mais básicos. Quando isso acontecer talvez já estejamos fechados pra balanço, ou falidos como Nação.