16/11/2012
A falta de cobrança, por parte dos governos municipais nos últimos 20 anos, e o silêncio da população, levaram a rodovia, cada vez mais, a asfixiar e segregar os moradores, ao longo do seu traçado urbano, em Campo Largo. O Município entregou parte do seus espaço, para que o Estado construísse a rodovia. No princípio, o bom negócio de ser servido por uma rodovia foi se transformando num pesadelo.
Centenas de vidas de cidadãos campo-larguenses foram ceifadas, ao longo destas duas décadas, em acidentes que, antes da concessão, eram causados pela má conservação da rodovia e pela falta de sinalização. Agora, mais pela imprudência dos que tentam atravesar a pista, ou nela morrem ao sair de casa, ou na volta.
Felizmente as medidas de segurança da RodoNorte, inclusive com fechamento de retornos e acessos perigosos, reduziu sensivelmente o número de acidentes e, consequentemente, de mortes. Mas o fechamento dos retornos criou outro problema, o cerceamento do direito de ir e vir do cidadão.
Restaram as reivindicações por travessias elevadas (passarelas), semáforos, lombadas, transposição da pista (construção da terceira pista, para reduzir o impacto da rodovia sobre a malha viária urbana. A transposição está sendo realizada, mas ainda será pouco. A cidade necessita de mais trincheiras, sob a rodovia, e vai precisar mais, nos próximos anos, enquanto mais se desenvolve.
A manifestação da população do Cercadinho e região não é sem propósito. O povo necessita de uma alternativa para transpor a rodovia, e uma trincheira se faz necessária, naquele ponto.
A prisão de líderes do movimento, entretanto, aconteceu porque, insuflados, acreditaram que poderiam desobedecer a ordem judicial que os proibiam de pisar na pista. Não poderiam, ou melhor, não deveriam. Bastaria permanecer nas margens da rodovia, que o protesto seria feito da mesma maneira, sem precisar interditar a pista. Os próprios motoristas reduziriam a velocidade, para ver o que estava acontecendo, e o tráfego na rodovia seria adensado ao ponto de parar. É preciso agir com sabedoria, nessas horas, e ninguém seria preso. Talvez os líderes do movimento sofram problemas judiciais, pelo resto da vida, pela desobediência, sem que o objeto do protesto seja apressado. O que precisa ser feito é chamar a atenção do Governo do Estado, para que as obras sejas realizadas.